ESTE JACÓ TEM MISTÉRIOS
 
REEDIÇÃO
 
     Tava eu ali no Brás no bar da esquina perto do viaduto sobre o Tamanduateí na Av. do Estado tomando um chope, percebi um ajuntamento e uma porção de jornalistas correndo, flash espocando, perguntei a um chegante o que era aquela euforia? - Ele disse: é um escritor famoso e poeta, Jacó Filho que só fica no seu recanto e acabou saindo do canto e está cumprimentando o povo: “e que Deus nos abençoe e ilumine sempre”. Eu repeti: - o Jacó, ó céus, sou fã dele de carteirinha, vou pedir um autografo, já ia saindo e fui seguro pelo garçom que disse: - primeiro pague o chope e depois até pode dar uma de boneca deslumbrada “ô” caipira. Bem... Caipira, nem ligo, mas “boneca deslumbrada”? Caracas meu, ele pegou pesado! Se dane, quem me conhece sabe que sou passional e meus impulsos são honestos.

     Paguei o chope e me mandei para o ajuntamento abrindo caminho às cotoveladas entre os milhares de pessoas que se juntaram para ver a vedete... Melhor não, “o poeta”, soa melhor. Quando consegui chegar perto do nosso herói, ele me olhou e para meu espanto disse: - este jeitão caipira, cabelos brancos, chapéu preto e viola na cacunda, só pode ser o Trovador das Alterosas... Gente quando ele mencionou: “Trovador das Alterosas” só ouvi os jornalistas perguntando: - quem é este, já ouviu falar fulano? E outro respondia: - ouvi não sicrano, e o beltrano: - eu também não e aí retruca o sicrano: - deve ser algum macaco de auditório, nada importante. Pô, sacanagem meu!

     Bem, o poeta não esperou e me abraçou e foi aí que entramos de novo no mesmo bar que eu estava e desta vez o bendito garçom disse: - Poeta Jacó o que consumir aqui é tudo por conta da casa. Eu perguntei, - eu também? Ele me olhou e disse: - pô meu, vê se te enxergas, aqui não é lugar de vagabundo... “Tudo porque carrego a viola”. Falei: - tá, sim senhor, eu pago o meu chope. Sentamos-nos e o Jacó perguntou: - E aí trovador quais as novidades, olhou pra minha cara, analisou e continuou, está precisando de alguma coisa, velho? Pelo menos foi mais suave, pois, os paulistanos me chamam é de veio. Eu respondi: - Mestre soube que o senhor é chegado do povo lá de cima, ele perguntou: - De cima onde? Se for do pessoalzinho de Brasilia tô fora, e eu disse mais que depressa: - não mestre é do povo lá do céu...
     
     Aguardei uns três minutos até ele responder, aí ele disse: - Bem eu realmente me considero uma figura bastante conhecida por ali, porque, o amigo precisa de alguma coisa de lá? Posso enviar um email e lhe pedir uma benção. Eu disse: - não professor, eu queria ir dar uma olhada por lá, sabe, é que existe à possibilidade de eu me mudar pra lá e quero ver se os alojamentos são bons, se tem computador disponível com banda larga, estas coisas mínimas para que não me perca dos amigos do recanto. Bom, ele disse: - como estou de férias, eu vou com você, mas que fique claro, terá de me obedecer em tudo nesta visita certo? Eu disse: - claro chefe, o senhor manda. - Então saímos já. - Eu pensei, mas nem terminamos o chope, bebi o meu de um gole só e paguei o valor cobrado, o dele, o garçom além de não cobrar embrulhou mais quatro para viagem.

     Saímos e pensei, ele deve pegar o seu Ferrari cinco ponto sete, que nada ele passou perto do Ferrari e nem olhou, seu motorista particular apenas acenou dizendo: boa viagem patrão guardarei o carro na mansão da chácara Flora. Pensei, será que vamos de Taxi? Caramba e eu sem dinheiro, o jeito vai ser entrar no lis. Que nada, ele passou direto e andamos até o rio Tietê, tinha um pneu de trator que descia boiando e ele pulou em cima e eu o segui, fomos descendo o rio, até acabar as espumas dos detergentes da capital o pneu era grande e deu para a gente deitar, quando acordamos, estávamos passando por Iacanga e depois veio Arealva logo vimos uma placa: “Bauru”, saltamos do pneu e pegamos uma carona em cima de uma carreta carregada de osso de boi, ô trem fedido. E passamos por Ribeirão Preto, Franca e saímos em São Sebastião do Paraíso já em Minas Gerais, passamos por Furnas um lago lindo de águas azuis e chegamos a Belo Horizonte, saltamos da carreta, e daí em diante fomos a pé os cinquenta quilômetros na rodovia da morte e entramos na estrada de Caetés, desviando logo na primeira placa: Serra da Piedade. Eu simplesmente não acreditei, e o disse ao mestre. - Mestre, o senhor quer dizer que é aqui o céu, tão perto da minha cidade? Ele respondeu: - não gafanhoto trovador, primeiro se passa pelo limbo, depois sim, nos atiramos de lá de cima, sobrevoamos o inferno e aí sim chegamos ao céu. Ponderei... É tem lógica.

     Ele disse e fizemos numa boa, nem me preocupei em saltar a pedreira de quase dois quilômetros de altura, saímos voando eu me perguntei, será que é sonho? Ele agora investido dos seus misteriosos poderes leu-me telepaticamente dizendo: - Não é sonho gafanhoto, ali em baixo é o céu, desçamos. Céulisamos numa boa e nos dirigimos a um enorme portão, com um senhor barbudo sentado numa cadeira de balanço numa porta menor e ao ver o mestre abriu os braços e gritou: - Jacóóóóóóóóó, o abraço foi de quebrar ossos, e os dois ferveram no papo como se conhecesse há anos. Estranhei foi às palavras do barbudo ao falar com o mestre: - ora, pois-pois é Jacó “o preferido”, fiquei pensando, sempre acreditei que São Pedro era Judeu e descubro que ele é português, vai ver que estava tentando descobrir o caminho para as índias e antes de descobrir o Brasil acabou encontrando o outro mestre por lá perto do mar da Galiléia e quando o outro mestre, aquele; sabe não? O maior de todos, então quando ele mandou o Pedrão jogar a rede lhe dizendo num sotaque meio caipira: agora Pedrão, és pescador de aurmas... O Pedrão atirou a rede e ela saiu cheia de metralhadoras, dezenove fuzis Urca, dez AK quarenta e sete e duzentas armas automáticas com a numeração raspada.

     - Xiiiii lá vai o trovador gafanhoto divagando outra vez, exclamou o mestre que nestas alturas já tinha matado a saudade de Pedrão e ouviu deste: - Sabe quem perguntou por você aqui estes dias Jacó? E o senhor dos mistérios respondeu perguntando: - sei não, quem? E Pedro: - a Dalena. E o mestre: - mesmo, e ela continua arrependida? E Pedro: - não, agora ta noutra, virou professora de crianças da favela: “bobeou vira esqueleto”... Aí o mestre apelou, pare de escrever besteira trovador gafanhoto, senão desisto de ser seu mestre. Tá mestre desculpe, aproveitei e perguntei se tinha banda larga lá e o Pedrão falou que tinha quase NETE, aí eu disse: - vamos embora mestre, ainda vou ficar mais um tempo lá na terra.

     Ele respondeu perguntando: - E aí gafanhoto trovador, aprendeu a lição: - respondi sem mais perguntas, mas matutando depois, aprendi sim mestre... Gente; Será que o mestre é encarnação do Jacó pai do Isaque que gerou: Esaú e Jacob que gerou um montão de descendentes até chegar ao Jacó do bandolim e que talvez seja o pai-rente do nosso poeta e mestre Jacó filho? Sei não. Mas se for, explica porque este nosso amigo, grande poeta, escritor, mestre e pessoa tão querida é assim tão carismático. Bom ter viajado com ele nas dobras do pensamento, enganando a imaginação e colocando verdades nas entrelinhas dos sonhos que movem os que escrevem para se enrolar no tempo e divertir quem lê. Fuiiiiiiiiiiiiiiiii.



É mesmo mestre eu já desconfiava que era seu parente, agora tenho certeza rsrs um abraço poeta.



 
29785-mini.jpg


10/09/2017 10:17 - Jacó Filho
 
Simplesmente fantástica mestre Trovador das Alterosas! Não sei se o Jacó do Bandolim tem ascendência judia, mas também sou fã, principalmente da "Santa Morena" e de tantas músicas fantásticas, quando aos patriarcas, estes sim, estão em minhas raízes, e desconfio que nas suas também... Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...

Para o texto: ESTE JACÓ TEM MISTÉRIOS (T6108598)
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 08/09/2017
Reeditado em 10/09/2017
Código do texto: T6108598
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.