REPÚBLICA SEM PRESIDENTE

Já passou por estes perrengues?

Morando em uma república sem um “puto” no bolso.

Mano “véio” na década de 70 buscando melhorar sua situação financeira, que contava com mísero nenhum tostão, transfere sua moradia para uma cidade vizinha onde se localizava uma fábrica enorme, de renome internacional, motivando a invasão de jovens de toda redondeza que procuravam como” mano véio” colocar “algum” no bolso.

Depois da seleção que contava de inúmeras sessões que visava medir o grau de disponibilidade e de força para enfrentar o duro trabalho de manter as esteiras que giravam a sessenta quilômetros por hora, numa engrenagem maluca, cheia de calçados que necessitavam de ajustes milimétricos e transferência para outra esteira que se ocuparia de outros ajustes e nova transferência e assim sucessivamente até chegar ao final onde o calçado estaria pronto para o controle de qualidade. A equipe de seleção chegou à conclusão que mano estava apto para controlar uma das esteiras, visto que possuía uma saúde “de ferro”, um metro e noventa de altura, setenta quilos e uma postura invejável, que melhor atenderia a um galã de novela.

Na “república” (alojamento de diversas pessoas) começaram os preparativos para o convívio. Mano e mais três jovens, todos sem um misero tostão no bolso se reuniram para estratégias de como viver um mês inteiro sem contar com nenhum recurso. Miguel sugeriu que se alimentassem na fábrica. Um gato (ligação clandestina de agua e luz) foi sugerido por Messias. Maneco reuniu, com a ajuda dos vizinhos, colchões que seriam usados no descanso dos três.

O percurso do alojamento até a fábrica contava com dez quilômetros corridos, no sentido literal da palavra, pois economizando no passe que comia mais de 10% do salario era feito na base da corrida, um desafiando o outro de ponto em ponto do ônibus. Muitas vezes chegando ao ponto final antes do coletivo.

O primeiro salario recebido prestou ao “fazimento do mercado” o que gerou algumas dúvidas para o que comprar no mês seguinte, pois, que do primeiro “mercado” algumas guloseimas só duraram o primeiro dia. Marmelada, bolacha, biscoito foram devorados poucos minutos depois que foram colocadas à mesa pelo entregador, sequer chegando a ir para a caixinha de depósito alojada no cantinho esquerdo da pequena cozinha, ficando o restante do mês com somente o feijão e o arroz e dois maços de macarrão daqueles embalados em um papel azul.

Bem, o alojamento já se encontrava em situação deplorável, haja vista, que nenhum dos três tinha a menor noção de organização ou limpeza, sendo necessário uma “geral”. Acharam por bem contratar dona Tereza vizinha do lado esquerdo, já que a mesma se prestava a limpar outros alojamentos e com um preço bem em conta, já que o recurso era precário..

Dona Tereza começou cedo e como primeira tarefa colocou os colchões em cima de uma cerquinha de bambu que contornava o alojamento.

Mano “véio” contava apenas com dois pares de sapato: um de couro que guardava como relíquia por ter ganhado do pai no dia que se dirigiu para esta cidade e outro já surrado que utilizava para o árduo trabalho ao lado das esteiras.

Água pra todos os lados daqueles três cômodos que mano ocupava com seus amigos.

Mano ao chegar do trabalho avista o caminhão do lixo e nele reconhece os colchões que havia emprestado dos vizinhos. Em seguida avista dona Tereza que vinha aos gritos tentando resgatar os colchões e, o que foi pior em seus pés o sapato novo (herança do pai) que a mesma havia colocado para não molhar os seus (dela).

Meu Deus! Ninguém merece! Exclama mano “véio” ao finalizar o relato e afirma. Daí em diante tudo foi melhorando até que adquiriu um FIAT 147.

Que este declara com todas as letras que foi ele a descobrir mais dois defeitos no mencionado carro. Ao invés de 147 - FIAT 149. Problemas para mais seis istórias.

Mariana Quintanilha
Enviado por Mariana Quintanilha em 18/08/2017
Reeditado em 27/09/2017
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