VOCÊ É FELIZ?

Uma repórter quis saber a resposta desta pergunta.

Para isso entrevistou meninos de rua que viviam ao relento em uma praça no centro de São Paulo. Você sabe como vivem meninos de rua ao relento pelas praças de São Paulo. Ninguém quer isso pra si.

Um menino de pouco mais de 10 anos de idade que não conheceu o pai, e a mãe havia morrido em tiroteio com a polícia, toma a frente nas respostas. Seu jeito e postura definiam muito bem sua vida miserável e sem perspectiva de futuro, mas que nem por isso tirava de seu rosto o brilho infantil. Demonstrava rasgos de inocência contrapondo-se à seriedade em suas atitudes, própria daqueles que dependem de si mesmos para permanecerem vivos.

- F...o que é felicidade ? Pergunta a repórter.

- Felicidade pra mim – explica F . . . - é quando dona Laura vem trazer aquela sopa pra gente comer.

Dona Laura é uma senhora de bom coração que tira um dia da semana pra levar alimentos aos meninos de rua.

Recolhe verduras e legumes passados que não tem mais valor comercial e são descartados pelos feirantes. Coloca-os dentro de uma grande panela, acrescenta arroz, sal, algumas batatas ,nunca esquece os temperos , a salsinha, o manjericão, a cebola picada , a mandioquinha, um pouco de macarrão e quando o recurso permite esbanja seu dom num paio, um torresminho e porque não num farto pedaço de bacon.

Sozinha ela prepara com amor esta saborosa refeição que semelhante a uma última ceia distribui a seus meninos.

Conhece a todos pelo nome e também a história triste de cada um deles. Não existe histórias bonitas nestes meios.

É o único dia da semana que comem algo quente, feito só para eles.

- Isso te deixa feliz?

- Sim , dona , é a maior felicidade do mundo.

- E de ruim F. . . , o que você tem de pior na vida?

O menino olha para um lado, olha para o outro, pensa um pouco e responde:

- Ué , nada dona!

Sêneca afirmava que toda a felicidade é incerta e instável. Um brasileiro de dez anos que se esbalda frente a um panelão de sopa feita com a xepa da feira comprova a afirmação do filósofo.

Ele estáva com a razão.