Madame Galimard

Se sou arengueiro e grosso, multipliquem por dez e terão o retrato (ou perfil) de um amigo meu, amigo de infância e de toda a vida. Ele hoje é negociante, negocia com milho e feijão, possui vários caminhões, uma bela fazenda, casas, enfim, o cara tá rico. Mas ainda mais grosso. Agora, sujeito mais solidário e amigo de todas as horas, tá ali. Uma figura humana extraordinaria, ajuda sem visar recompensa, e faz isso, às vezes, até disfarçadamente. Agora, pavio curto e qando se zanga ninguém tente botar panos quentes.

É protagonista de vários causos engraçados paca, sem que tenha tido nenhuma intenção no ocorrido. O mais hilário aconteceu há alguns anos, uns dez anos atrás. Um dos nossos amigos, este metido a rico e a nobre, casado também com uma conhcida nossa de infância que sempre nos olhou de banda e que sempre foi chata e metida a socialite, precisou de uns documentos no cartório, no sertão, para concluir uas transações imobiliárias, atua nesse ramo, e como o amigo paviocurto viaja muito para aquelas bandas, pediu que ele providenciasse esses documentos e mandasse dexá-lo no seu apartamento no Recife. Prego batido e ponta virada, de posse dos documentos ele nem mandou por portador ou por sedex, como vinha para a capital trazendo umas cargas, ele mesmo ainda dirige um dos seus caminhões, resolveu entregar a encomenda em mãos. Foi à Boa Viagem e parou pertinho do edifício do amigo. Na portaria foi logo dizendo quase gritando, é meio mouco: - Chame aí, chefia, Toinho Batoré (o cara e baixinho e é conhecido assim, não se trata de invenção e nem depreciação). O porteiro, um cara bem educado, afirmou primeiro em voz normal, mas notou o problema e gritou que ali não havi ninguém com esse nome. - Cuma não? Toinho me deu endereço e tudo, número do apartamento, veja aqui. O porteiro então esclareceu: - Senhor quem mora nesse apartmento é o doutor Antonio Teles. - Doutor? Mas adonde ele se formou? Toinho só estudou na merma escola que eu estudei. Foram chegando moradores e então um sujeito meio autoritário, era o síndico, mandou que o porteiro chamasse a Madame Galimard. Resumo: ela desceu toda bem arrumada e com um cachorrinho blasé no braços. O porteiro disse: - Senhor, essa é a Madame Galimard, esposa do dputor Antonio Teles. O cara ficou espantado: - Madame Galo de Marte? Maizi, home de Deus, essa aí é Zefinha de Terto da venda. Será que eu tô ficando doido? Como já tinha muita gente, alguns já estavam rindo, a madame pegou o envelope, deu uma rabisaca, mas ainda ouviu o cara gritar: - Zefinha, tem cuidado se não o cachorro caga nos papé. Alguns mses depois Madame Galimard mudou de prédio, não suportou as chacotas.

Mas o pior foi explicar ao sujeito os motivos que levaram Tioinho a virar doutor e a esposa dela a se transformar em Madame Galimard. Foi preciso chamar uma amiga, pessoa que eé um doce, essa consegue até fzer o pavio curto se acalmar. Ela simplesmente disse que o sjeio usa o título de doutor para ter mais aprsentação, essas coisas, algo humano, quanto a mulher, não pode esconder, disse que ela fez isso por vaidade, uma compensação pela vida no sertão sempre chamada por um nome qe não gostava, então tentou se fazer importante, adotou um nome estrangeiro, besteira, mas algo explícável. O sujeito compreendeu, mas quis saber de onde veio esse nome esquisito que parecia Galo de Marte. Ela foi ao ponto falando bem alto e rindo: - Galimard, seu matuto besta, é o nome de uma loção francesa. Não digo pefume ou colônia porque você só conhece loção e extrato.

Madame Galimard nunca pedoou o sujeito. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/07/2017
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