UM NAVIO SINGRANDO UM MAR DE SONHOS

Era uma linda manhã de abril de 1968: o sol com seu raios doirados, ainda, brandos, beijavam as vidraças coloridas daquela casa antiga, que abrigava uma inquieta jovem, não mais adolescente, cujos sonhos, achava ela, não cabiam mais, dentro de si mesma. E, antes que seus sonhos criassem asas e, alçassem voo por cidades, até então por ela desconhecidas, ergue-se da cama de "colchão de molas". E depois, de alguns poucos, vinte minutos, encontra-se, na estrada a caminho das Praias do Litoral Norte da sua bela " Cidade das Acacias" E vai tranquila, segura e determinada, conduzindo um Fusca 66, côr Beje, e, ao volante, sua dona e motorista, como se dona, do seu destino, fosse, tranquila, porem, ansiosa, mas, não passava de 60 Kilometros, por hora.

Assim livre, na direção do caminho que decidiu seguir, vai rolando os pneus. O vento passando pelos seus lisos cabelos castanhos. O radio do carro, ligado na Radio Tabajara, tocava, um disco de Nelson Gonçalves, a musica, "A volta do boemio" que, ela sabia de cor! Já passava das 8 horas, daquela linda manhã de abril, quando decide acampar ali, naquela Praia, dela tão conhecida. E ali protegida, pelas ralas folhas dos coqueiros... senta-se na areia, e seu olhar castanho, já não mais tão brilhante, estende pelas aguas esverdeadas do mar... e, la bem longe, tão distante, onde as aguas do mar abraçam a ceu, seus olhos castanhos, sobem as escadas de um grande Navio. E, ao que, tudo indica, ser de Bandeira Brasileira, que navegando vai, na direção do nosso Litoral Sul. Com o coração, há meses tomado pela leveza do primeiro amor, vai navegando seus sonhos com a alma apaixonada a bordo daquela navio e, o seu olhar encantando, acompanha de longe, lá no horizonte, onde o mar encontra o ceu.

E, aquele navio que singra o Oceano Atlantico, nas "Aguas Tabajaras" do nosso Litoral, vai conduindo, até hoje, os sonhos daquela jovem universitária que fez uma tournê, pela sua vida e ancora no "Porto da Felicidade", embora, enfrentasse algumas tempestades, mas, a pureza do amor, que sua vida, permeava, era tão grande, que bastava aquele olhar pleno de ternura, para que, o mar revolto voltasse a ser apenas, tocado pela brisa suave de um amor, que como a alma, tem o destino dos eternos...

Hoje, em uma identica manhã de sol do mesmo mes de abril,, depois de 50 anos, faz o mesmo percurso, não mais naquele antigo Fusca. Os coqueiros, com certeza, não eram mais os mesmos. A paisagem, era tomada por Edificios de varios andares, entretanto, o mar esverdeado e calmo, é o mesmo, porem, seus pés cansados pelo caminhar vencendo os anos, não são mais tão ágeis e, mesmo a areia fina e molhada que os acaricia, não a encorajam a ir, tão longe naquela caminhada a beira-mar. E, assim, depois de alguns minutos, senta-se, nas areias finais, da mesma antiga praia, de há muito, por ela conhecida...

Silente, calada, triste, e de olhar perdido no horizonte azul, onde o ceu e mar se encontram, no mesmo sempre antigo abraço...Mas, com passar do tempo, aquele Navio onde, embarcou seus sonhos, há décadas passadas, com certeza, virou "Sucata" e, seus sonhos, naufragaram, ali mesmo, naquelas águas... e o amor, aquele mesmo amor permanece, no seu coração, na sua alma pelo tempo que lhe restar de vida... E assim, o conduzira, até o dia em que estiver a passear entre os canteiros floridos do belo "Jardim da Eternidade"

Josenete Dantas
Enviado por Josenete Dantas em 18/07/2017
Reeditado em 29/12/2017
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