RELIGIÕES

Deus para os católicos, espíritas e protestantes. Allah para os muçulmanos. Adonai para os judeus. Há ainda quem o chame de Javé ou Jeová. Mesmo entre as culturas politeístas há um deus maior: Zeus para os gregos da antiguidade. Para os egípcios era Amon-Rá. Tupã para os índios brasileiros. As nações africanas, como eram várias, O chamavam por diversos nomes, como Olorum ou Zambi.

O importante a perceber é que todas as crenças religiosas buscam uma ligação do homem com o divino, o sobrenatural. Algumas possuem livros sagrados (a Bíblia, a Torah, o Alcorão, etc.). Outras tantas trazem consigo normas, preceitos, mandamentos que devem ser seguidos por seus fiéis. Além de Deus ou do deus principal, as religiões tem seus santos, anjos, profetas. Muitas têm ritos já sacramentados há séculos. Todas têm seus dogmas, verdades que não se discute.

Se há tantos pontos em comum, por que existe tanto preconceito? Por que umas se julgam melhores que outras? Por que há aqueles que se consideram os escolhidos? Ora, não somos filhos do mesmo Criador, independente da religião?

Se existem, por exemplo, questionamentos entre cristãos e os de linhas espíritas e afro-brasileiras, analisemos alguns pontos. O fenômeno da mediunidade, contato entre o mundo físico e o espiritual. Cristo não teria sido um grande médium? Ora, Ele falou com Moisés e Elias diante dos apóstolos. Ele passou quarenta dias no deserto sendo tentado e dialogou com o demônio. Jesus também curou com as mãos e palavras, não é isso fenômeno mediúnico? Cristo também ressuscitou e ascendeu aos céus. Não seria isso um paralelo do que os espíritas chamam de reencarnação? Jesus também não falou em Juízo Final, onde a sentença seria de acordo com nossas ações e dependendo delas iríamos para a Direita ou Esquerda do Pai? Isso não é a crença na lei cármica já pregada pelos budistas e hinduístas alguns séculos antes de Jesus vir à Terra?

Se dois pontos importantes em todas as religiões são a humildade e a caridade, por que há Igrejas e religiosos que enriquecem às custas de fiéis que sobrevivem na miséria absoluta ou levam uma vida cheia privações? Se algumas religiões mandam não matar e amar ao próximo, por que houve, há e haverá tantas mortes em defesa de uma fé?

A resposta é simples e complexa. Porque somos seres humanos, dotados de livre-arbítrio, de dualidades, de interesses próprios, de qualidades e defeitos. Moldamos (ou tentamos) as coisas para ficarem de acordo com nossos objetivos.

O cenário religioso, para não dizer social, como um todo, infelizmente é lamentável. Fala-se muito, faz-se pouco e o pouco que é feito ainda é, em sua grande parte, contrário ao que se prega. No entanto, ainda há esperança.

A esperança foi a única a ficar na Caixa de Pandora e enquanto estiver lá será possível que um dia a humanidade perceba que somos frutos de uma mesma árvore, somos conectados eticamente e como tal, somos parte integrante da Natureza e não donos dela. A única coisa que não devemos fazer é confundir “esperança” com “ficar esperando”. É muito mais que necessário fazermos a nossa parte para mais tarde podermos ter a honra de dizer que conseguimos por nós mesmos e não a vergonha de sequer ter tentado, de ter subido fazendo outros de degraus ou a pior de todas: viver culpando outrem e as circunstâncias por nosso insucesso.

Cícero Carlos Lopes – 15-08-2012

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 16/07/2017
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