Tempero do Carinho

Tenho as minhas broncas contra o povo. De vez em quando fico puto com ele. Fallo mal, dou rabisaca e digo cobras e lagartos (na miha terra diz-se largatos). Mas é tudo fogo de palha, pantim, bsteiras, porque eu mesmo, euzinho, sou um homem do povo, sempre fui e serei. Sempre preferi a companhia do povo à das chamadas elites. E acho que o povo além de ter mais caráter que as elites. tem muito mais solidariedade, generosidade e civismo.

É claro que o povo farrapa. esculhamba, anarquiza, pinta o sete, vira as canecas. Em outras palavras: o povo vive, peca, goza, ri, acerta e é quem cnstrói o país. Sem ele o país vai pro beleléu. Avida está acontecendo no meio do povo, está no som que vem da rua. A vida, a cultura e a natureza. Deus está com o povo.

Mas esse preâbulo de chaleirismo ao povo ésó para contar algo. Seguinte: fui ao supermercado ontem mais ou menos às dez da matina comprar trigo, socôco, fermeto, ovos e açúcar para a mi ha esposa fazer um bolo. Parêntese: ninguém no mundo faz um bolo melhor que o dela. Juro. Fecho parêntese. É de lei o bolo das sextas-feiras, como quase todo de noite com café bem forte e estupidamente quente.

Bom, paguei as compras, botei no saco de lona, e quando ia saindo, um dos vendedores de frutas - conheço toodos - que ficam na calçada do supermercado - me chamou e disse: - Doutor - fiz cara feia e ele consertou -, digo, Chefia, olha tá falta um para a gente começar uma partida de dominó, o cara foi buscar uma mercadoriae volta daqui a uma meia hora,você não poderia ficar no lugar dele um instantim, a gente sabe que você sabe jogar dominó. É verdade, só doido por jogo de dominó. Botei a sacola num cantinho e me sentei num caixote e começamos a jogar dominó. Jogar e contar piadas, fofocas e futebol. Todos são torcedores do Santa cruz, só eu sou Sport. Pensem na gozação. Fui me virando, as pedas ajudando, até que um filho do sujeito que me convidou chegou com uma marmita, ela contiha um quizado de bode e uma farofa d1água com coentro, cebolinhae limão. Havia um quartinho de Pitu e começamos a tomar umas lapidinhas de leve e tirar o gosto com a iguaria. O bode estava uma delícia, desmanchava na boca e misturado com a farofinha era um manjar dos deuses. Foi entõ que perguntei ao sujeito que tempero a mulher dele botava no quizado de bode. Ele riu no exato momento que fechou os dois lados do dominó e eu passei. Disse: - Chefia, ela bote óleo, verdura eo mais importante: o tempero do carinho. Sem o tempero do carinho, véio, a comida, seja ela qual for, o melhor flé, não presta. Nada na vida presta sem o tempero do carinho. Uma verdade abissal. Daí a poucochegou o outro jogador cedi o lugar, tomei mais uma lapadinha e comi mais um pouco do tira-gosto e voltei pra casa. Certo de que além dos produtos inipensáveis ao bolo, é o tempero do carinho que faz o bolo de minha esposa ficae tõ bom.

Falei no bolo, em comida, mas tem outras coisas que ficam gostos´ssimas graças ao temperodo carinho. Uma delas é o amor. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 16/07/2017
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