GERAÇÃO MUTANTE

Em um mundo de velozes mudanças, todos parecem estar em um processo inquestionável de mutação, perante a todo tipo de ser vivo ou aos seres inanimados, com os quais lidamos em todo o tempo. E qual é a novidade? Não é a mudança, mas a velocidade com que a transformação ocorre nos meios de convivência. Podemos perceber que, não raramente, a conduta humana, dita como a mais adequada não é mais tão padronizada e integralmente a mais correta, isto é, relativo a cada situação em que nos inserimos e nas quais a utilizamos como estrutura nos relacionamentos. Igualmente o comportamento social pode ser concebido, em síntese, como recurso de parâmetro decisório e de compreensão pelos outros. E deve ser de igual forma, sem que pareçamos estranhos aos tempos modernos de interação e de atitudes aceitáveis, diante dos grupos sociais e da ética proferida por diferentes tribos. O rei grego, Alexandre Magno, “o grande” dizia que “da conduta de cada um depende o destino de todos”.

Vejamos como em outras épocas havia uma notável diferença nos seguimentos que compunham a sociedade: o ruralista tinha lá sua forma de se vestir, bem pertinente, como também um modo de se falar, com peculiaridades específicas. Esse tipo os tornava inusitados em se expressar, em seu modo de agir, em seu estilo de absorver e responder aos valores e princípios éticos das cidades que se formavam. Por outro lado se perfazia o urbano, aquele que se considerava moderno, “descolado”, conhecedor de uma fonte de informações abrangentes. Um arquétipo que poderia em diversas ocasiões, discorrer sobre quase tudo ou mesmo ter um entendimento de que sua configuração de vida seria a mais oportuna às eras contemporâneas e futuristas. Além disso, havia um debate de que parecia haver uma ampla barreira discrepante de entrosamentos e de aceitação social pelos diferentes círculos sociais. Já destarte não poderíamos nos esquecer das palavras do filósofo iluminista, Denis Didero, de que “a ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito”. Ademais há no presente uma miscelânea instigante desses grupos, em que observamos que não há mais tantas dessemelhanças comportamentais assim. Não se evidencia mais tanta cisão em tão alto grau de intolerância, haja vista que quem cultua a hostilidade em um mundo de velozes mudanças, está fadado a ter que refletir e refrear seu comportamento para se enquadrar nos meios e contribuir com uma visão mais acolhedora, mais simpática e mais aceitável.

Por conseguinte, podemos divagar pela cultura nacional brasileira para descortinar essa fusão de gostos em que, por exemplo, os gêneros musicais se fundiram. O sertanejo que não é mais do sertão, que não é mais caipira, que não é mais rancheiro. Afinal a música sertaneja é, na atual conjuntura social, a mistura de tudo o que há no Brasil sobre o que processamos de música popular brasileira. Outro hábito que se alterou foi o modo de se vestir, em que se aprecia o que é desconforme. Já é possível depararmo-nos com pessoas que usam gravata, paletó e tênis, isto é, não há mais um modelo tão fechado para uma forma. Agora o que vale é o gosto do cliente. Lado outro, quantos aspiram trabalhar a ajudarem pessoas a saírem de um caminho de ruínas para um de triunfo? Ainda que não seja um grande número assim, existem aqueles que se dedicam tão somente a incertos ofícios para auferirem capital no bolso e no banco, sem se importarem com a profissão que irão escolher e mudam de acordo com o ritmo. Esses compreendem que vocação é retrógrado e que o que vale é o proveito. Muitos desses com essa natureza estão, por vezes, frustrados por praticarem uma vida exclusivamente de riquezas absurdas e “bateram com a cabeça”. Perceberam que somente o suor ou a ambição não ganha jogos, há de haver talento, há de haver habilidade para ser próspero e continuar nesse patamar. Com esse pensamento, o filósofo chinês, Confúcio, nos instrui que, “escolhamos um trabalho que amemos e não teremos que trabalhar um único dia em nossa vida”.

Porquanto alguns não lapidam e desenvolvem o que há de mais valioso em seu interior. Pois bem, querem muito mais demonstrar suas poses e posses; demonstrar vãs histórias, que podem não ser tão verdadeiras assim. Nesse entendimento vislumbram apenas evidenciar suas marcas de tecido, contudo por dentro, pode haver um vazio irreparável. E não é raro que em eventos sociais esses deixem escapar sorrisos pérfidos para somente maquiarem seu espírito. Todavia por viverem em função de outros, a cargo de uma casca ou de uma existência permeada pelo materialismo, mas quando tudo se fecha, o extremo vazio reaparece. Talvez de alguma maneira não queiram essa vida de aparências; talvez tenham vontade de saírem do casulo, mas há entraves, barreiras que ainda não transpuseram por medo ou por um acanhamento insensato. Pois os valores humanos estão em total e ágil mudança! Entretanto, do que mesmo temos que ter vergonha? Temos que ter vergonha quando não agirmos como realmente somos; não podemos nos esconder ao fazermos bem; devemos ter vergonha da maldade, da criminalidade, da desumanidade. Nosso próprio mundo, somos cada um de nós que construímos. Somente cada um pode se transformar; pode ser mais consciente e encostar-se ao travesseiro com alegria de um dia de paz. Para viver nesse universo é preciso grande coragem; é indispensável estarmos atentos às mudanças velozes. E o caminho cada um encontrará se realmente estiver atento a buscar a sua rota e se realmente quiser compreender e contribuir com uma humanidade melhor.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 27/05/2017
Reeditado em 29/05/2017
Código do texto: T6011026
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