Não é sobre mães... – kenne dy maquine
Não é nada sobre mães... – kenne dy maquine
Alguém liga para o celular – onde você está – pergunta a voz em tom angustiado, a o que não respondi e desliguei. No shopping o colorido, o brilho, as pessoas felizes com as promoções comprando muito!!!! Eu destruído, fugitivo dos sentimentos, havia desistido de tudo encontrando abrigo na pracinha do shopping!
Quando vi vc atravessar o hall principal, sorrindo com as sacolas na mão acompanhada de um rapagão elegante, corri e me escondi entre um paredão humano que se formava em frente a vitrine de uma loja de roupas e sapatos. Não podia suportar a idéia de concorrência.
As pessoas falantes se esbarravam, disputando em frenética e teatral no palco do consumismo, próprio do dia das mães. “Do meu lado da lua” observava e não conseguia sentir a catarse daquele momento, ignorei aquele espetáculo e passei invisível para aquele lado do universo e saindo no estacionamento.
O sol castigava minha pequena tez deixando um vermelho rosado, na minha cabeça se formavam idéias e imagens muito rápidas, doía muito. Corri de novo pra dentro do Shopping e me encontrei na loja de instrumentos musicais.
Quando dei por mim, eu estava sentado tocando piano e uma pequena platéia se formava ao meu redor, atraída pela música. Já havia fugido outras vezes, muitas coisas causava certo alvoroto no meu espírito, e sempre vinha minha mãe e me resgatava daqueles momentos perdidos.
Minha mãe era menos estrepitosa do que meu pai. Licença pra falar dele: Era, muito, sofístico, seus olhos sonhavam em transe quando falavam comigo, traduzindo em palavras: neles eu seria um grande fuzileiro naval, mas isso não aconteceria e ele morreu quando eu tinha 2 anos. Ainda lembro dele tentando entrar no meu mundo, sentando no chão comigo, me imitando e sonhando com os seus olhos em minha direção.
O prelúdio para a minha pequena história: uma voz feminina e o som dos sapatos de um rapagão, eles se aproximam de mim. Filho o que aconteceu? Por que vc fugiu de mim? Nós ficamos preocupados, todas essas indagações vieram mesmo sabendo que eu não responderia nenhuma delas.
Abraçou-me com o carinho típico de mãe que encontra o filho perdido, deixei saltar suspiros de alívio quando os vi juntos, sem perceber que tudo foi um grande engano. E se vc me diz: e o rapagão elegante, quem era? Essa resposta é única: era o meu médico especialista em autismos.