Crônica de desabafo sem formalidade nenhuma

No dia do meu resultado da UEL, eu tinha acabado de fazer minha matrícula em marketing numa faculdade particular com bolsa 100%. Optei pela geografia.

Dia desses com amigos, deu-se o assunto de vida profissional. A pergunta era se eu havia me arrependido, sabendo meus amigos que não estamos num bom momento. É difícil pensar em arrependimento quando adquiri tantas boas conexões. Não consigo imaginar minha vida hoje sem algumas pessoas e isso já responderia a pergunta. Já pensei em voltar para a publicidade ou talvez o jornalismo depois da geo, mas arrependimento não é uma palavra de meu agrado. Embora eu tenha mudado os planos e saído das salas de aula – e eu ressalto a coragem da minha decisão, pois ninguém quer ser ou conviver com frustrações – eu posso dizer de coração cheio que sou apaixonada pela geografia, e que acho a profissão de professor das mais bonitas e nobres que tenho conhecimento. Também sempre digo que posso ter desistido das salas de aula, mas NUNCA DA EDUCAÇÃO. Fiz e faço o que posso para estar o mais perto disso possível. Além do mais, não estou dando aula mas eu sou professora. Eu me sinto assim! E gosto.

O fato é que, com isso, vivo um momento diferente: Uma licenciatura, um bacharel, uma pós-graduação, um país em crise, uma idade mais ou menos em contraste com a pouca experiência em outras áreas e a convivência contínua com a escolha que fiz + a falta do emprego no geral.

Eu já cheguei a pensar até em tirar do meu currículo toda a minha formação superior – por incrível que pareça isso já me atrapalhou. Mas apagar seria muito injusto comigo mesma. Seria ir contra o sentimento de NÃO ARREPENDIMENTO que tenho. E me sobraria o que? É difícil explicar a posição em que estou. Mais ainda explicar, a cada novo encontro, o quanto eu estou profissionalmente fodida e triste, mas mesmo assim não consegui me arrepender de nenhuma dessas escolhas. É difícil e to cansada. Ser legal vale? ter bom coração vale? Vou pôr no currículo!

Eu volto na próxima quinta.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 25/05/2017
Reeditado em 25/05/2017
Código do texto: T6008961
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