COLISEU BRASILIANO

O espetáculo era dantesco. Era uma mega produção sob o patrocínio do Executivo Federal.

A Arena estava lotada. Nas arquibancadas de luxo havia milhares de espectadores fanáticos vindo de todos os lugares. As cores partidárias se misturavam. Todos estavam bem vestidos e ainda trouxeram seus familiares e amigos. Não pagaram ingresso, ao contrário, receberam altas somas em dinheiro vivo para que comparecesse ao espetáculo. Por baixo, entre deputados federais e suplentes, tinha mais de mil. Deputados estaduais eram muitos também. Os senadores estavam em peso. Aproveitaram e levaram seus eventuais substitutos. Tinha uma ala só de amantes de políticos. Vereadores então, eles estavam nas “populares” que de populares nada tinha. Antes de começar a festa, dezenas de lindas mulheres distribuíam caviar, serviam vinhos finos e outras iguarias, tudo por conta do empreiteiro que construiu o estádio. Deputados e senadores eram os mais gulosos. Ao som de trombetas, surgiram dezenas de homens mascarados a jogar para a plateia pequenos pacotes em forma de pão. Era um grande maço de notas de cem com o carimbo do BNDES. Era apenas uma lembrancinha. Quando os tambores rufaram, a plateia foi ao delírio: Entrou o povo brasileiro na arena, se apertando e se amontoando. Foi anunciado no alto falante que a primeira parte do grande espetáculo seria a entrada homens com cara de leão e suas sacolas. Todos já sabiam o quer iria acontecer, e, humildemente o povo entregou seus minguados trocados para encher burras dos homens-leão, que tinham pressa e estavam zangados. Na segunda parte da festa foi fazer uma grande chuva do dinheiro arrecadado, sobre as cabeças e colos dos políticos e seus asseclas na plateia. Muitos gritavam: Viva a democracia! A Manoela gritava: Viva o Comunismo! Tudo pelo povo! E enchiam, de novo os seus bolsos. Mas o ápice da grande festa ainda estava por vir. Não seriam leões a entrar na arena para comer cristãos, era muito pior! As trombetas soaram e os tambores rufaram:

- Senhoras e senhores senadores, deputados, vereadores e seus cúmplices, é chegada a hora!

A arquibancada foi à loucura. Havia deputado com uma plaquinha: “Filma nós aqui Galvão!” Tinha vereadora com outra plaquinha: “Oi mãe, tô na Globo!” Num determinado momento todos iniciaram o grito de guerra: “Oda, oda! Que o povo se exploda! Oda, oda! Que o povo se exploda!

- Senhora e senhores, com vocês... OS AÇOUGUEIROS IRMÃOS BATISTA!

Delírio total! Êxtase. Gritos histéricos da senadora narizinho.

A Marta gritava: Relaxem e gozem!

A Dilma dizia: Estou estarrecida de tanta felicidade!

O Jean, tendo chiliques gritava: Cospe neles!

E aí, eles, OS AÇOGUEIROS DA JBS chegaram com tudo.

Com suas facas longas e afiadas foram extirpando o honra e a dignidade daquele povo sofrido. A cada golpe, saltava pedaços de indignação para todos os lados. Cravavam fundo para atingir a autoestima.

Enquanto a plateia gritava em coro:

Oda, oda! Que o povo se exploda!

Um dois três, quatro cinco mil!

Queremos que a Odebrecht tome conta do Brasil!

Sérgio Clos