O contador - EC

Poucas pessoas podem se identificar tanto em sua profissão como Josué! Um contador. Conta façanhas, vantagens, bens, mulheres e obviamente as lacunas são todas preenchidas com fatos irreais ou acontecimentos extraordinários. Na noite após assinar seu divórcio, passou a contabilizar o passado:

10% de suas mentiras fora para manter a liberdade que o casamento lhe tirou. Que mal havia na cerveja após o expediente? Divertir-se não podia, mas trabalho extra estava liberado. Foi assim que tudo começou.

30% foram inevitáveis. Necessitava sentir-se vivo e ativo, provar que era capaz ainda de encantar outras mulheres. Mas jamais permitiu que isso magoasse sua esposa. Ela sempre foi sua prioridade, a verdade seria muito dura. E no fundo não tinha nada a ver com ela.

50% para que os amigos, familiares acreditassem que eram felizes, que conquistavam bens com facilidade, que as viagens eram todas incríveis (ok!! Não precisava contar aquela em que o tubarão fugiu após levar uma surra).

10% para que ela se sentisse bem, sempre linda, elegante, a mais bela da festa (para estas nunca houve recriminação, que hipocrisia).

Encerrou o pensamento pois era preciso dormir, o dia seguinte seria corrido, e ainda teria que combinar os detalhes do churrasco do final de semana no clube. Precisava achar uma forma de contar a todos, que estava muito bem. Talvez até levar uma “gatinha” para apresentar como namorada!

Pessoas eram sempre cruéis, sempre o julgavam, justo a ele, que sempre fizera tudo com as melhores das intenções!

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Das Mentiras que Contei

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