ONDE ANDAM OS FANTASMAS
 
Não sei se o que está acontecendo paralelamente à operação Lava Jato é uma picareta briga de egos entre o Ministério Público, Moro e Lula ou existe realmente ali há um inquérito? Enquanto os advogados e a Promotoria discutem num depoimento longo de mais de cinco horas, Lula se vê no lugar onde quer, exposto, como coitadinho do povo sofrido, sem dedo mindinho, recém viúvo, maleficamente jogando toda a culpa para a caveira de sua esposa que mal secou na terra. Não que ele seja diferente e/ou esteja fora do barril de pólvora dos corruptos, penso, até que seja o próprio estopim molhado teimando a acender; a questão é que, quando ficamos estarrecidos com tantos detalhes – o show espetacularizado a poucos dias atrás pelos delatores, por trás de suas máscaras de Mefistos, entre pseudônimos, cacarejos, piadas e risos, zombando das nossas caras, confidenciando curtir a vida depois da prisão e gastar o dinheiro roubado das propinas, pelo benefício da delação que supostamente não dará em nada, e simplesmente sumirem da cena... como mágica. Eu me pergunto: Estamos mais uma vez tentando nos enganar: “Rico vai para a cadeia!” “- Não vai mesmo! - É cadeia, passar um ano e meio em sua casa de frente para o mar, com uma tornozeleira idiota, fumando charutos cubanos, tomando vinhos de R$ 10.000,00 e comendo lagosta?” A cadeia brasileira foi estrategicamente pensada para nunca receber ricos. Pensávamos ter sido o Mensalão uma verdadeira Revolução. Até foi, mas quando nos deparamos de frente de algo tão gigantesco como esse esquema da Lava Jato, que não é gigante no Brasil é gigante no mundo, aquele, torna-se algo quase esquecível. 
Os mais de 100 políticos denunciados provavelmente devem ser candidatos novamente ano que vem a algum cargo, está tudo explícito - a população brasileira assiste aos jornais hoje, com mais expectativas que a novela das oito -, quero ver no que vai dar tanto barulho, tantos protestos, derrubada de presidentes, descobertas de tantos esquemas, da corrupção institucionalizada – nós tínhamos a certeza de que todos os políticos eram corruptos e só procuravam o eleitor quando precisavam do seu voto -, vamos ver como será uma eleição sem as cortinas da propina, do Caixa 2, das grandes doações das empreiteiras, da compra do voto desenfreado.
Houve uma coisa muito boa no Impeachment, muitas pessoas que não se preocupavam com assuntos ligados ao Brasil, ligados às políticas públicas, à própria Política, hoje estão mais politizadas, estão se manifestando, não digo nas ruas, mas, nas salas de aula, principalmente quando se é referido assuntos da ordem das Reformas propostas pelo Governo Temer, aliás, fazendo alusão a um artigo lido, uma verdadeira “verdade alternativa de governança”, podemos dizer que ele entrará para a história como o Oligarca Maligno do século XXI. Seu governo simplesmente pegou o mapa do Brasil, uma caneta Piloto preta circulou as regiões Sul e Sudeste e fez três “X” enormes no restante do enorme papel sobre sua mesa de vidro. Aí eu retomo ao nome de Lula, ele será um pertencente ao bando dos 100 políticos a se candidatar em 2018, mas fará o inverso da caneta do governista, e esse percurso sempre lhe deu bons frutos, pois são de bons frutos, apesar de viverem num Brasil diferente.

Vamos ver nos próximos capítulos dessa novela sem fim da corrupção brasileira, como se comportarão os egos dos poderosos da Justiça e do poderoso do Povo. O que sei é que um quer demonstrar ser discreto e humilde se escondendo por trás de seu nome que já ocupa um lugarzinho na história da política brasileira, e disso ele já sabe, por isso, quer a protagonização com o outro que, sabendo do seu lugar na história do país, lança-se na irresponsabilidade de sua autoconfiança, e ele tem todo o direito, pois tem pedigree, e não tem medo de ser pego pelo rabo.
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 15/05/2017
Reeditado em 17/05/2017
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