Odorico, Rui e Garcia Márquez

Adorava o seriado "O Bem Amado". Foi uma das melhores coisas que a televisão fez. Acho que Odorico Paraguaçu foi um personagem fabuloso, criado por Dia Gomes, ele só encontra páreo em Justo Veríssimo, de Chico Anisio. Ambosrasgaram a fantasia dos políticos demagogos e fisiológicos.

Vibrava com as tiradas de Odorico, princialmente seus "improvisos" (discursos) quando ele dizia um absurdo, antes buscand apoio no Águia de Haia: "Como disse Rui Barbosa.... e soltava a "bomba". Entã Dirceu Borboleta reclamava baixinho no ouvido dele:"Co-co-coronel, Rui Barbsa nunca disse isso!". Odorico acrescentava: -Se não disse deveria ter dito.

Foidessa tirada de Odorico que me lembrei quando reli um texto que colei na capa do meu dicionário (ainda na velha ortografia), uma reflexão que disseram na época ser de Garcia Márquez, mas foi desmentido. Mas ainda hoje penso que foi mesmo do saudoso Gabo, e disse aos meus botões parodiando Odorico: - Se nao foi ele quem escvreveu deveria ter escrito. Toda vez que releio esse texto fco emocionado, é meo triste, pungente, mas é belíssimo e, claro, muito verdadeiro e nos leva sempre à reflexão. Neste final de domingo, depois de ter tomado meus remédios, resolvi mais uma vez, transcrever esse texto. Ei-lo:

"Se por um instante,Deus esquecesse de que sou uma marionete de trapo eme presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo que penso, mas, certamente, pensaria tudo que digo. Daria valor as coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minutoque fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria qando os demais parassem , acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria com um sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descobertonão apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o geloe esperararia que o sol saisse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus, meu, seu eu tivesse um pedaço de vida, não deixaria passar um dia sem dizer às gentes -te amo, te amo. Convenceria, cada mulher e cada homem que sao meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar qando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança lhe dariaasas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinho. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhce mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver no cume da montanha, sem saber quea verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mãoodedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.São tantas as coisas qe aprendi com vocês, mas, finalmente, não poderao servir muito porque quando me colocarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo".

Parece um texto de Gabo, mas parece tamabém de Rubem Alves. Seja quem for o autor é uma bela reflexão. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 23/04/2017
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