ENQUANTO O PROGRESSO NAO CHEGA
Brancos, bem brancos eram os cabelos do Velho Agostinho, Capataz de estancia, cuja função principal era tratar o gado, que saindo cedo das cocheiras enfileirava-se pela estradinha de chão batido, indo a procura de pasto verde do outro lado da cerca de arame farpado. Garantindo assim a sua refeição daquela manha de outono.
Agostinho conduzia a tropa montado em seu cavalo Pangaré. Aproveitava o silencio da jornada para ir refletindo sobre a paz que aquele trabalho lhe trazia. Enquanto pangaré desviava das poças, que a chuva da note anterior enchera de agua, ele ia refletindo sobre a tranquilidade que a ausência de todo o movimento da cidade grande lhe proporcionava. A ausência do asfalto, que traria tantos carros com ruídos, sons e buzinas, a ausência das fábricas, que trariam tanta poluição.
Afastando os galhos de amaricá que lhe raspavam a testa ele ia desfrutando a energia do som das aguas do riacho, o qual Pangaré atravessava molhando os joelhos.
O velho era conhecedor das maravilhas das cidades grandes, não entendia a tecnologia, mas sabia das vantagens advindas do progresso. Isso sim ele sabia. Mas esperava não estar mais ali para ver maquinas abrirem espaço, levando pela frente a pequena ponte de madeira, o alambrado sob o qual muitas vezes se refugou de temporais...não, ele não queria ver trocar o verde do campo aberto pelo cinza do cimento dos arranha-céus. Ele sabia que a chegado do progresso seria necessária e inevitável, mas a temia. Temia não conseguir viver sem estender a vista sem ver o fim dos potreiros verdejantes...
Absorto em suas divagações, Agostinho não percebe que o boi Teimoso escapou da boiada...
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