Floresta dos Navios

Sou um matuto assumido, um véio do beição cheio de manias, vencido e meio reacionário, sem lenço, documento, títulos (o único diploma que possuo é o do curso ginasial) e tão matuto que não conhece nenhum país estrangeiro, e de grandes cidades brasileiras só comhece Recife, Salvador e Fortaleza. Em síntese: nem o Brasil eu conheço.

No entanto, apesar de não possuir formação cultural superior e nem ser viajado, conheço um bocado do mundo devido a ser um leitor voraz de romances. Assim, não raro, quando converso com amigos que já viajaram bastante eles se surpreendem com lbservações que faço sobre vários países, chego a discordar de algumas afirmativas deles, até já aconselhei alguns a ler sobre os países antes das viagens. Tudo bem, a leitura não substitui a presença física no local, mas a leitura e também uma viagem.

Dia desses, na véspera de mais uma viagem à Europa, um desses amigos, que se considera, vaidoso, cidadão do mundo, me ironizando na presença da patota, perguntou para que cidade eu desejava viajar. Respondi com sinceridade: - Floresta dos Navios, a terra da minha saudosa mãe, gostaria de visitar novamente aquela cidade. O turista contumaz perguntou o motivo. Expliquei que achava Floresta parecida com a Macondo de Gabriel Garcia Marques, aquele clima das cidades do realismo fantástico, aquela arquitetura interiorana, os pés de Tamarino, as redes nos alpendres, aquele clima arretado dos Cem Anos de Solidão. E passei um bombtempo recordando as histórias que mãe contava sobre sua terra. Ninguém falou mais sobre Paris, Londres, Berlim... Floresta dos Navios não deixou. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 27/03/2017
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