O RIO FAZENDO ÁGUA

O RIO FAZENDO ÁGUA

BETO MACHADO

O último dia 22 de março comemorou-se o Dia Internacional da Água. Aqui no Rio de Janeiro, em tempos outros estaríamos festejando esta data. Só que não. Do ponto de vista dos que lutam pelo aumento de população abastecida com água potável não cabe nenhuma comemoração.

O Brasil continental tem uma das maiores bacias fluviais do mundo. Entretanto temos um incalculável volume de água inútil, desperdiçada antes de se lançar ao mar.

Água inútil por não se tornar potável; inútil por não ser usada como hidrovia; inútil por não fazer parte de política pública de pesca.

A propósito, a população do Rio de Janeiro tem muito mais a refletir do que comemorar o dia da água.

A empresa responsável pelo saneamento básico do estado do Rio de janeiro, a CEDAE, foi objeto de uma escabrosa transação entre o Governo do estado e o governo golpista, anti-trabalhador, anti-idosos e anti-pobre, da União.

O primeiro resultado dessa nociva negociata foi a aprovação e autorização, por parte da Assembléia Legislativa do Rio, para a venda da CEDAE. A alienação dos ativos de uma empresa rentável e super avitária, na minha avaliação, é uma depreciação e depredação do patrimônio público. Até porque o fruto da venda seria destinado ao penhor de fiança dos empréstimos internacionais futuros, assim como da antecipação dos royalts do petróleo.

Paralelo à crise financeira fluminense surge um fato novo: O Ministério Público Federal devolve aos cofres do estado do Rio R$250.000.000,00 provenientes do roubo do Sérgio Cabral... O dinheiro é tão sujo que Pezão se recusou a participar do ato da devolução da grana larapiada por seu ex chefe.

Aí me ocorre uma pergunta: ---Estariam limpas as mãos do Pezão?... Só o tempo poderá responder com precisão. Em caso de resposta negativa, nem toda a água potável produzida pela CEDAE será suficiente para limpar e lavar não só as mãos dos ladrões do dinheiro público, mas também da pocilga onde chafurdam os corruptos da política carioca e brasileira.

A venda dos ativos da CEDAE não significa que os problemas do estado serão extintos...

Creio que a empresa ou grupo empresarial que adquirir as ações majoritárias da CEDAE terá tudo para “dar com os burros n’água, pois os custos de produção de água potável com a qualidade e quantidade que a demanda fluminense exige são altíssimos. É evidente que o repasse para a tarifa é o que resta para uma empresa privada... Aí, parte da população que festeja a venda chorará rios de lágrimas. Foi assim na Argentina e no Chile, na década de 1990.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 24/03/2017
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