PARAÍSOS SECRETOS

Segundo a última pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas – ONU, há cerca de 07(sete) bilhões de pessoas no mundo. Estima-se ainda que daqui a trinta anos haja aproximadamente 10(dez) bilhões de seres humanos, habitando o planeta. Esses números servem de embasamento a milhares de respostas ao planejamento ambiental, estrutural, econômico, político de uma nação. Tais dados e informações delineiam ações para que, por exemplo, possamos compreender como será a convivência a médio e longo prazo e quais atitudes devem ser adotadas para harmonizar e prevenir conflitos e escassez de suprimentos de diversos gêneros. Segundo textos judaicos, “o bem-estar na vida obtém-se com o aperfeiçoamento da convivência entre os homens”. Porquanto podemos perceber a partir daqui que em hipótese alguma estaremos sós, ainda que alguns tenham isso em mente. Vivemos a todo tempo rodeados de pessoas. E toda essa gama de informações, por vezes, nos traz à tona qual é o nosso lastro, nossa direção, nosso passo diante dos dias que vão e que vem enquanto o nosso coração bate forte.

Surpreendentemente estamos na intercorrência do tempo, ouvindo diversas vozes que sempre nos acompanham. Ruídos que vêm das pessoas que convivemos; dos amigos, pais, parentes, filhos e de outros que nem conhecemos, mas que podem nos influenciar nos atos que se sobrepõem. São mensagens externas a nós, que, todavia podem nos auxiliar ou nos prejudicar, conforme prestamos a atenção ao que é chamativo. Em outra esfera, podemos igualmente ouvir vozes internas, que habitam em nós. Brados que podem ser derivados de nossas experiências, dos nossos conhecimentos e da sabedoria, que adquirimos ao longo da existência e, que nos auxiliam nessa inspiração diária. Ademais é algo extremamente inusitado e inquietante, pois podemos interromper tudo que perpassa por nossa mente neste instante. Antoine de Saint-Exupéry, escritor, ilustrador e piloto francês, explica-nos que “em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos”. E também é possível se fechar ao que ocorre ao redor e ouvir a voz do silêncio ou o clamor que grita em nosso interior mental ou espiritual e que dão o colorido ou mesmo a falta de tonalidade à nossa visão. Podemos fazer diversas indagações sobre o que habita em nós. Alguns dirão que é a nossa alma, outros que é o “eu interior”; ainda assim outros afirmarão que é Deus falando ao ser.

Muitos crédulos, de linhas devotas diversas, irão denominar esses vozeares de formas assinaladas e irão defender com incisão, com fé e consistência que suas ideias são as que mais coadunam com o que há. Certamente em uma ocasião de livre epifania, quando nos colocamos em paz, quando nos assentamos em segredo, escutamos o nosso interior falar conosco. Desse modo como se pudesse nos orientar, como se fosse capaz de nos livrar de um mal maior, ou mesmo nos revelar qual a verdade diante de tantos posicionamentos existentes e que cada um defende com “unhas e dentes”. Igualmente, outros alegarão que é quase impossível ouvir essas missivas mentais, pois o tumulto exterior é muito maior. Essas pessoas podem não obter isso, em razão da desarmonia que abrange a sua vida e, que assim as impedem de se deter por um minuto ao pulsar do coração, da respiração e de sentir o que está impregnado na sua essência. Algumas dirão que quando não estão em ação, trabalhando ou fazendo algo produtivo, que não conseguem captar essa voz, pois parece que tudo está gritando dentro de si. Então, podem se descarregar através de drogas e medicamentos que as tiram do juízo e as levam a uma órbita total de sensação de alívio ou de prazer. E não compreendem que estão presas em sua mente com medo de ouvir a própria consciência em pranto. Arthur Schopenhauer, renomado filósofo alemão, assevera que “da árvore do silêncio pende seu fruto, a paz”.

Por tais ideias há aqueles que não se permitem relaxar, descansar e dormir, pois o que habita o seu cérebro traz temor, traz insegurança. Muitos pesquisadores da mente nos informam que se não ouvirmos o nosso interior, a nossa vida permanecerá em desarmonia. Não conseguem trabalhar em paz, estar com a família, com os amigos, pois a todo o tempo a mente envia mensagens, respostas, ideias imperativas sobre fazer ou não fazer. E esse ser humano permanece enjaulado em si mesmo, como se duas pessoas internamente se guerreassem em busca do que é ideal. Mas o temor de se ouvir traz ainda uma angústia maior, pois há uma linha de ações que já foram completadas ou omitidas e que não trazem mais soluções. Desse modo muitos se perguntariam: o que fazer? O líder religioso, Chico Xavier, afirmou que não é possível voltar atrás e começar de novo, mas que é extremamente salutar, a partir de agora, recomeçar diferente e fazer uma nova história. Uma das ideias é propagar e reconhecer o erro, pois compreender que algo não está certo é o primeiro passo para a mudança. O hoje é o único momento que temos de verdade. A nossa riqueza é esse presente que Deus nos dá. O futuro ainda não veio e se permanecemos de alguma forma lastimando, não viveremos nem o presente e nem o futuro. O que é de mais precioso a nós é o agora! O poder está aí! Este é o momento da redescoberta. De compreender que a mudança é incessante em nossas vidas e que somente assim poderemos ser melhores já! Se existimos para contar as próximas histórias, que sejam de lutas, de serventia, de melhoramentos e não histórias de lamentos. Mas valorizar o agora pode nos transformar para vivermos bem e em paz com as pessoas e conosco que é, afinal, uma grande vitória.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 23/03/2017
Código do texto: T5949604
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