O AMOR SEMPRE VENCE

Viajei, fiquei uns dias fora e, ao voltar, assim que abri o portão de entrada, pude ver sinais da minha falta. Minha roseira que deixara tão viçosa, com graciosas rosas cor-de-rosa, jazia inerte, sem cor nem vigor, folhas desbotadas, e as rosas, algumas murchas, outras desmanchadas em pétalas descoradas, caídas sobre a terra do jardim!... Meu olhar para ela foi de pena, de pesar, olhar de quem tem o coração dorido. O dela para mim, ao contrário, pareceu-me ser de alívio, de alegria pela minha volta. Na sintonia do nosso benquerer, eu a "ouvi" dizer-me: "Que bom que você voltou e eu tenha conseguido aguardá-la, quase que nas minhas últimas forças de sobrevivência!"

"Despertei-me" daquela troca de olhares e, como já era tardinha, antes de qualquer coisa, corri para onde fica a mangueira e saciei-lhe a sede que a tornava ressequida, sem vida... Banhei-lhe os galhos, as folhas, as raízes, pedindo a Deus que não a deixasse perecer. Eu a amava tanto! Fora presente precioso recebido de uma grande amiga. Mas, a resposta ao meu imenso desejo só o tempo poderia dar-me. Eu precisava esperar...

Naquela noite, desfiz as malas, fiz outras coisas, mas meu pensamento e minha esperança estavam voltados para a minha roseira agonizante.

Na manhã seguinte, ao levantar-me, também antes de qualquer coisa, encaminhei-me expectante à minha roseira. Perscrutei-a com cuidado e senti uma ponta de alívio no coração. Havia sinal de sede saciada e de recuperação: algumas folhinhas já não estavam tão caídas! Que felicidade inundou-me os olhos e o coração! Minha roseira viveria, tinha certeza. Era só continuar atentamente regando-a, dando-lhe o alimento precioso e o meu amor, meu cuidado, e o milagre da vida, de novas rosas cor-de-rosa aconteceria!...

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Hoje, daqui da minha sala, assentada, fazendo meus bordados e ouvindo minhas músicas, posso ver e admirar a minha roseira, novamente bem viçosa, carregada de rosas abertas, outras se abrindo, outras ainda guardadas em botões... Lá está ela, linda, fazendo-me feliz e dando vida à minha inspiração!

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 21/03/2017
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