Liberdade e Rituais

Nunca fui religioso, mas me considero cristão. Sou filho de um comunista que também era espírita e de imz católica que foi Filha de Maria. Não segui a religião de nehum dos dois, mas incorporei muita coisa da religiosidade deles.

Sempre questionei os rituais religiosos, principalmente porque eles não refletem a vida, a liberdade, a alegria natural e espontânea do ser humano. Por que tanta ênfase em mistérios, sofrimentos e castigos? Por que tanta pompa e circinstâncis e tanto medo de questionamento? Por que se exigir que se baixe a cabeça a dogmas ultrapassados e tabus e preconceitos desmoralizados? Por que insistir tanto em se proclamar eleitos se o Criador não passou procuração para ninguém falar em seu nome?

Vejam bem, eu gosto de visitar as igrejas e templos, inclusive as humildes capelas, mas quando estão vazias ou quase vazias, adoro o silêncio nelas, sei que ali estão incorporados e impregnadas emoções, orações, promessas, confissões e súplicas, feitas por gente simples e pura, pelo verdadeiro povo de Deus. Respeito demais a fé do povo, acho que é o mais sagrado nas religiões.

Sei que estou apenas arengando contra os rituais e as pompas religiosas, mas é a minha opinião, embora, repito, respeite as religiões. Vou aproveitar a oportunidade para transcrever um trecho de um romance de Paul Mercier, "Trem Noturno para Lisboa":

"Não quero viver num mundo sem catedrais. Preciso do brilho dos seus vitrais, de sua calma gelada, de seu silêncio imperioso. Preciso das marés sonoras do órgão e do seu sagrado ritual das pessoas em oração. Preciso da santidade das palavras, da elevação da grande poesia. Preciso de tudo isso. Mas não menos necessito da liberdade e do combate a toda crueldade. Pois uma coisa não é nada sem a outra. E que ninguém me obrigue a escolher".

Pessoalmente dispenso os rituais, fico com a liberdade e o combate à injustiça. Graças a Deus. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 19/03/2017
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