terror no bloco de carnaval

Bloco de carnaval.

Música. Bebida. Amigos. Mulheres bonitas. Diversão. A combinação perfeita para um fim de tarde no Rio de Janeiro. Tudo bem que eu mal conseguia identificar a música que estava tocando, naquela hora, era mais barulho do que qualquer coisa. Quase não bebo, um bombom de licor já me deixa tonto. Meus amigos estavam mais ocupados com a segunda e a quarta opções. As mulheres não me dão bola, quem vai querer um nerd no carnaval. Logo, não me divertia.

Mas não era só isso. Algo afligia o meu ser. Olhava para um lado, olhava para o outro, mas nada me distraía. Olhava para o céu, para o horizonte, quase uma súplica. Nada. Não estava calor, suava frio. Me sentia protegido, mas tinha medo. Mesmo o cenário sendo dos melhores, dos mais bonitos, ali em frente à praia, Ipanema, vendo o Morro Dois Irmãos. Por quê?

Não, não vi minha ex que eu tanto amava com um cara moreno, alto bonito e sensual. Também não vi minha crush atual com um cara mais feio do que eu.

De repente, não mais que de repente, uma pequena dor de barriga se anunciava. Não sei se foi a má alimentação acumulada ao longo dos dias, composta basicamente de pipoca, churros e bebidas alcoólicas de má reputação. Sem podrão, juro. Também fez parte da dieta um sorvete de nutella com chocolate belga, algo bem distante da cadeia alimentar carnavalesca de um carioca. Seria esse o culpado?

Banheiro químico? Não. Não sei até hoje como alguém ainda consegue ganhar tanto dinheiro com um serviço tão merda, sem trocadilhos. Algum comércio por perto? Não havia, mas seria bem difícil atravessar aquela multidão inteira, e nessas horas os conhecidos que gritam o seu nome do nada e te seguram se multiplicam, convenhamos. Ir até a casa de alguém? Sou da Zona Norte, não me misturo com essa gentalha da ZS e nem tenho amigos com essas posses. Aguentar firme? Ainda não existe rolha para essas ocasiões e me recuso a usar uma fralda geriátrica antes dos 80 anos. E agora, quem poderá me defender?!

A grande em que eu me segurava era a de um desses postos que ficam em frente à praia. Costumam ter banheiro. Com fila, lotados, sujos, muito distante do que um banheiro precisa ser nessas horas. Mesmo assim, me arrisco. No pequeno caminho, penso em desculpas para um possível desaparecimento de minha parte e busco rotas de fuga. Olho em meus bolsos e procuro por algo que possa servir como papel higiênico, mas nada encontro, seriam as minhas meias mesmo.

Para a minha surpresa, sem fila. Talvez porque ninguém quisesse pagar R$2 e preferisse usar a areia da praia como banheiro. Primeiro suspiro de alívio. Outra surpresa, banheiro vazio e, pasmem, limpo! Entro na cabine, que tem um trinco, e papel higiênico também, olha que não era daqueles que desmancha. Expecto patronum. Vale dar gorjeta em banheiro público?