Da Estrada ao Coração

Sol ardia. Pés calejados, a pele mistura suor e poeira, e a secura da garganta, arranhada pela perdição dos sonhos. Às vezes as pernas bambeavam, os passos entortavam, o corpo cambaleava. A testa rachava, e os raios solares penetravam, queimando os pensamentos. À essa altura, já não consigo me lembrar de ser, a única preocupação é caminhar.

Ao longe avisto um vulto, um homem não tão alto, coberto de tons terrosos, sendo um com a estrada. Na única sombra que encontro em tantos quilômetros, é ele quem me acolhe. De fala e olhar tranquilos, não esconde aquilo que de mais sincero se guarda em uma alma. Dá-me de beber, me lava os pés, o rosto, a história. E nos entretemos, e nos enfrentamos. Depois de tempo, reconstruído, prossigo pelas sendas da incerteza e da beleza, da secura e da fecundidade.

Seu nome: Francisco e, sinceramente, não me recordo quando nossas humanidades se confundiram... é, não há pessoa que lhe cruze o olhar e continue seguindo sem ter em si um novo humano emergindo.

* Em gratidão por ser filho de S. Francisco, de Assis e do Mundo Inteiro.

Tiago Gonçalves - OUT/2016

Tiago Goncalves
Enviado por Tiago Goncalves em 27/02/2017
Reeditado em 06/03/2017
Código do texto: T5925564
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.