Há tempos não escrevo. A inspiração se fora (ou a preguiça mesmo) e parei de escrever. Mas ao assistir ao filme "A Teoria de Tudo", que conta um pouco da vida do eminente físico Sephen Hawking, brotou-me a ideia de escrever sobre pessoas que nos inspiram a viver. 

A primeira vez que ouvi falar de Hawking foi em 1990, quando li seu livro "Uma breve história do tempo". Desde menino, sempre fui fascinado pelo espaço sideral, pelo universo, por assuntos relacionados à Astronomia.

Quando tinha 9 anos de idade, uma professora me perguntou: o que você quer ser quando crescer? Respondi de bate-pronto: astronauta. Muitas crianças da minha geração e, talvez até hoje, ainda queiram ser astronautas.

Mas para quem nasceu num bairro pobre da cidade de Manaus, num país subdesenvolvido como o Brasil, seria difícil ter acesso a esse sonho, além de outras dificuldades, claro. Uma delas, descobri depois, é com certeza a falta de aptidão com números. Sempre fui um aluno medíocre em matérias da área de Ciências Exatas.

Ora, um astrônomo tem que ser brilhante nessas áreas. Não é o meu caso. Prefiro as letras. Mas continuo fascinado pelo universo.

Divaguei, meu caro leitor. A crônica não é sobre mim, mas sobre pessoas que inspiram pessoas a viver. Hawking foi o responsável por despertar essa escrita. No final do filme, há uma narrativa que diz: "Com 72 anos, Stephen não planeja se aposentar e continua a busca pela Teoria de Tudo". Que lição de vida! Que fascinante! Tremendamente inspirativo!

Hawking é só um dos vários seres humanos que considero inspiradores na história da humanidade. Oxalá, meu caro leitor, sejam esses tipos de pessoas que o estejam inspirando a viver, a sonhar, a lutar pela vida.

Rosa Parks, a negra que iniciou a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos é uma delas também. Rosa, certamente, inspirou a Marthin Luther King ser o representante da luta contra a segregação racial naquele lugar. King, em autobiografia organizada por Clayborne Carson, apresenta o seu famoso discurso "Eu tenho um sonho", em 1963. 

No discurso, revela alguns sonhos de liberdade e igualdade entre brancos e negros nos Estados Unidos. Em sua crença, King declara: "Eu tenho um sonho de que um dia todos os vales serão exaltados, todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os tortuosos retificados, a glória do Senhor será revelada e toda a humanidade verá isso junta". King morreu por uma causa. Uma vida inspiradora!

Como leitor apaixonado que sou, Jorge Luis Borges é um dos escritores que mais admiro. Pra ironizar, como brasileiro, admiro dois argentinos: Borges e Maradona.

Borges deixou seu legado de gigante da literatura. Em "O homem no espelho do livro", James Woodall traça uma biografia de Borges. Escreve Woodall: "Em grande parte, os primeiros sessenta anos de Borges foram vividos modestamente, com uma falta marcante de aventura que seria de se esperar, ou desejar, num grande escritor que viveria seus próximos vinte e cinco anos no brilho da fama mundial".

E diz ainda: "Ele foi, pobre, a maior parte de sua vida, e só começou a ganhar dinheiro com suas excursões de palestras norte-americanas, que levaram, em 1967, o segundo evento mais significativo de sua vida editorial "anglo-saxônica: um encontro em Harvard com Norman Thomas di Giovanni".

Di Giovanni foi seu primeiro tradutor para o inglês e difundiu, incansavelmente, a causa de Borges nos Estados Unidos, diz Woodall. Borges perdeu a visão aos 55 anos, mas continou leitor e escritor até a sua morte aos 86 anos. 

Em sua autobiografia literária, Borges, já com seus 71 anos, confessou: "continuo trabalhando e cheio de planos. Penso em começar um novo livro, uma série de ensaios pessoais...Também quero escrever um livro de opinões informais e francas, de caprichos, reflexões e heresias pessoais. Suponho que já escrevei meus melhores livros...No entanto, não acho que tenha escrito tudo. De algum modo, sinto a juventude mais próxima de mim hoje do que quando era um homem jovem".  Que declaração inspiradora! 

Caro leitor, são pessoas dessa estirpe que nos inspiram a viver. Pessoas que enfrentaram adversidades e venceram.

Pra mim, não são os ídolos pops, de cabeça vazia, com poesia envenenada pela civilização do espetáculo, como escreveu Mario Vargas Llosa,  que nos inspiram a viver.

Mas seres humanos como Hawking, Parks, King e Borges, entre outros, são, certamente, pessoas que trazem inspiração a outros seres humanos pela vida.