A HIPOCRISIA E O INFERNO.

O Papa Francisco critica novamente sua própria Igreja e alguns que a compõem nesta quinta-feira, afirmando que melhor ser ateu do que um dos "muitos" católicos que levam o que disse ser uma vida dupla e hipócrita.

Disse em sermão de missa privada matinal em sua residência: "é um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla".

"Existem aqueles que dizem sou muito católico, sempre vou à missa, pertenço a isto e a esta associação", e que algumas destas pessoas também deviam dizer "minha vida não é cristã, eu não pago aos meus funcionários salários apropriados, eu exploro pessoas, eu faço negócios sujos, eu lavo dinheiro, (eu levo) uma vida dupla".

"Há muitos católicos que são assim e eles causam escândalos". "Quantas vezes todos ouvimos pessoas dizerem 'se esta pessoa é católica, é melhor ser ateu'", acrescentou.

Em seus frequentes sermões improvisados, ele já condenou abuso sexual de crianças por padres como sendo equivalente a uma "missa satânica", e que católicos na máfia se excomungam, existindo cardeais que agem como se fossem “príncipes”. Um Papa das realidades, um grande avanço. A Igreja, uma corporação humana falha como todas as outras, não tem mais como esconder seus "pecados".

Essas pessoas sinalizadas pelo Papa já carregam consigo o inferno de consciência.

A cooperação é mola fundamental da sociedade. Até que ponto? Até a fronteira da consciência. Ela move as instituições de forma uniforme e global, só não se percebe com bastante clareza essa movimentação.

Nessa atuação funcionam o mal e o bem.

Pode parecer como assevera Voltaire que paraninfos do mal estão bem: “Vós inventastes um sistema cujo ridículo entra pelos olhos: o malfeitor bem aboletado na vida e com a família a prosperar devia naturalmente rir-se de vós”. Estão rindo?

Não creio, basta olhar os “abastados” encarcerados no Brasil. Podem se movimentar através de advogados custosos para saírem, mas existe um paredão reforçado pela opinião popular. Um Moro que é um “muro imbatível”.

Ainda assim tudo que a lei apesar de elástica quer de um bom intérprete e aplicador não se realiza. Espera-se muito mais. Veja-se hoje a soltura do goleiro Bruno, condenado a 22 anos, sem chance de prosperarem recursos, e solto agora com seis cumpridos, por ser primário. E daí? Morte e ocultação de cadáver com os restos da vítima dados para cachorros comerem. Por isso a condenação assentada e impossível de ser reformada diante das provas.É réu confesso inexistindo presunção de culpa prevista na Constituição.

O Juiz é a lei viva sobre pernas, ele aplica e interpreta a lei, ainda que seja péssima ou não. É dele que esperamos a derradeira realização de justiça terrena.

Vemos a risada e o deboche da corrupção a nos enfrentar, e a subestimação de nossas inteligências. E não se diga que isso prospera só em nossos dias, conheça-se a história do Senado Romano, bastante antiga, vetusta.

As instituições - até o Vaticano - da menor empresa espalhada no globo às grandes corporações e aos Estados têm um objetivo comum. É um sistema maior.

Por isso se ouve muito hoje políticos falarem em macroeconomia e microeconomia. Uma gama complexa difícil de relacionar, imenso universo. Mas está lá como referencial a cooperação patrocinada pelo bem para que se mova essa imensa engrenagem chamada sociedade com mérito que faz o inferno ficar distante.

E ainda argumenta Voltaire: “Enganai-vos: para um criminoso que raciocinasse bem haveria cem que nem raciocinariam. Aquele que, cometido um crime, não se sentisse punido na própria pessoa nem na do filho, temeria pelo neto.”

É esse o inferno, um outro inferno, conhecido formalmente. E tem acontecido no Brasil, embora com parcimônia, com os corruptos, não todos e os que escapam ou ainda sobrevivem nos porões da clandestinidade. E o pior, a pena passa do malfeitor, cai sobre filhos e netos quando a lei diz que a pena não passará do autor do crime.

O inferno chega de alguma forma para quem não presta, sempre chegou. Estão crepitando labaredas próximas aos que usurpam e se locupletam do que é dos outros, ou se locupletaram e desgraçaram o Brasil e muitas famílias com seus chefes desempregados.

Em Brasília um clarim espana “malfeitos” para todos os lados.

No momento no Brasil está chegando o inferno para os que merecem. Basta ter olhos de perceber, todos em grau de consciência mínima ou máxima pagam suas dívidas, é um tribunal do qual não se escapa, se conhece como inferno.

Nada acontece sem estar atrelado ao processo causal, nada ocorre depois sem que tenha um movimento ocorrido antes, se bom ou mau, com as mesmas consequências.

Estou ficando com inveja de Singapura e dos tigres asiáticos. Será que estou colocando abaixo minha formação, tudo que aprendi?

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 24/02/2017
Reeditado em 01/03/2017
Código do texto: T5922662
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