JULIetA

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Era um dia comum, igual a todos os dias de sua vida. Sem um brilho mais intenso do sol, nem nuvens com formatos diferentes no espaço. Apenas mais um dia, naquele cotidiano cansativo de quem nada espera. Expectativas inexistentes! Como alguém pode sobreviver sem elas? Onde ficam os sonhos, as mazelas, as alegrias, lágrimas, sorrisos que são as expressões de sentimentos?

Que pena! Somente mais um dia igual a tantos! Enquanto caminhava de volta à casa, pensava em como era previsível cada um de seus momentos. Naquele dia, pela mesma rua por onde passava, seu olhar foi atraído para um papel dobrado, possivelmente perdido por alguém que por ali passara.

Automaticamente, abaixou-se e o pegou, abrindo para saber-lhe o conteúdo. Sem assinatura! Apenas uma inicial: R... Sem endereço! Apenas o nome do destinatário. Interessante! Julieta! Era um nome derivado do seu - Júlia! Quem seria aquela Julieta para quem a carta era dirigida?

Parou na pequena praça, sentou-se e pôs-se a ler o conteúdo, sentindo-se um tanto intrusa. Afinal, não era para ela. No entanto, o achado foi casual! Foi realmente um achado! Vencendo seus escrúpulos, continuou a leitura. Era uma carta de amor! Que palavras lindas... doces... Ah! Bem poderiam ser para ela!
Na assinatura, uma letra: R...! Seria Roberto? Rui? Romeu? Fechou os olhos e pensou: “Seu nome deve ser Romeu!” Continuou criando sua fantasia. Se o nome dele fosse Romeu, o dela era quase Juli...eta! Então, que assim fosse! Ele seria o Romeu e, ela... a Júlia que poderia facilmente se transformar em Julieta.

Decidiu que aquela carta era para ela mesma. Era um achado, sem endereço. Neste caso, não seria um roubo. Guardou-a na bolsa e seguiu para casa, sorridente com a fantasia que modificava a realidade monótona. Agora, sentia-se a Julieta de um Romeu. Quem poderia desmentir tal sonho?

       

Naget Cury, Março de 2016 - Pouso Alegre


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Najet Cury
Enviado por Najet Cury em 22/02/2017
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