O BARBUDINHO e A TRAIÇÃO
Zé Mendonça trampava na empresa de mineração da cidade há muitos anos. Fazia turno: quando não era de dia, era de noite que trabalhava. Existia até um horário intermediário, que começava no início da tarde e terminava antes da meia-noite.
Casado com Judite Helena Paraguaçú, pai de três filhos, estando o mais velho cursando já os anos finais do ensino médio, a sua esposa nunca conhecera a sua face limpa, escanhoada.
Certa vez, neste turno intermediário, como era época de pagamento, Zé Mendonça decidiu tirar a sua famosa barba. Então, lá se vai Zé Mendonça para o trampo, um pouco mais cedo que o horário normal e passa na Barbearia Central para se despojar da barba cerrada.
No serviço, por um motivo técnico, falha o tapete carregador de minério no “stacker”, Ele chegou mais cedo em casa. Decidiu fazer uma surpresa para a esposa. Chegou em silêncio, perfumado, já que tomava sempre banho no vestiário da fábrica, e pé ante pé foi ao quarto, levantou a coberta e se aproximou da mulher, no estilo conchinha roçando o pescoço dela. Antes não fizesse esta mesura! A mulher, se aconchegando ainda mais ao seu corpo, disse:
“Seja rápido, meu bem, pois o turno do Barbudinho está muito perto de acabar!”