Sublimação e ações digressivas

Atividades sublimadas são segundo a psicanálise as ações criativas dos sujeitos a fim de mitigar ansiedades da libido. Sublimação é o que em um psiquismo sadio faz o sujeito mais criativo em detrimento da tensão sexual. Vida mais calma, Freud disse que aquele que sabe esperar não precisa fazer concessão. Sigmund mesmo teve uma vida familiar tranquila. Mas como diferenciar sublimação do que em inglês os analistas chamam de acting out? Em português de atuação e em linguagem popular de porra-louquice. Talvez escrever seja uma das atividades mais sublimadas, o ato é feito em solidão chegando a ser um vício solitário sem onanismo, masturbação mental ou falta de objetividade, mesmo que o texto se for de fato um bom texto, for muito louco.
Se na literatura os sentimentos são expressos desde uma perspectiva metafísica até uma concretude absoluta, o que diria a metapsicologia freudiana sobre a literatura como atividade sublimada? Desde que as inspirações e transpirações não têm hora marcada para quem escreve com alguma pretensão de ser lido. Teria o escritor que se sentir bem para escrever, ou o ato de escrever expurga o mal-estar? Mesmo sabido ser a prosa confessional a menos interessante. Exceto em textos memorialísticos como mostrou o médico escritor Pedro Nava.
O conselho de escrever apenas em tranquilidade, talvez seja mais real se essa calma for conseguida saindo da ansiedade, entrando na angústia e, sem necessariamente ter de ser escrito um texto pacífico, compreender o que move um homem a escrever mesmo que já esteja sendo abandonado este leitmotiv. São quatro horas da manhã. O ato de escrever debelou uma insônia. Vitorioso, o pensamento não permitiu que fosse feito o que não tem mais sentido. O sono fecha a porta sempre silencioso.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 22/01/2017
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