OS TÉRMINOS
Sabemos que o fim de tudo é certo, sabemos que nascemos e morreremos, sabemos que tudo na vida chega a um fim, por que não sabemos lidar com isso?
Aceitamos o fim de tudo que é ruim, só não aceitamos o fim do que nos faz bem, aceitamos a morte daqueles que não conhecemos, sofremos a morte daqueles que estavam ao nosso lado, aceitamos o desuso de uma coberta em dias de calor, não aceitamos a falta dele em dias de frio. Nada que é bom, queremos o fim.
Aquele sorvete lindo e recheado em dias de extremo calor, aqueles bolinhos de chuva da avó em tardes de sábado, aquele chocolate quente em meados de junho, não queremos o fim. Aquele filme de comédia no cinema com a família, aquele “rolê” que deu certo depois de tanto tempo com os amigos distantes, aquela aula preferida com o professor preferido, não queremos o fim. Aquele primeiro encontro com a amada, aquele primeiro beijo com quem paqueramos há tempos, aquele abraço de reencontro, não queremos o fim. Aquela música que é presente para os ouvidos, aquela comemoração de aniversário, o primeiro colo de um filho, não queremos o fim. Aquele amor de infância, aquele relacionamento de tempos, casamentos de anos, não queremos o fim. Aquela última conversa, aquele último beijo sem saber que era o último, aquela última dança, não queremos o fim.
Não queremos o fim, de nada que nos traz conforto, felicidade e paz. Pois tudo que nos causa bem, o fim nos causa o oposto, o fim nos obriga ao desapego, o fim nos machuca, nos entristece. Chegar ao fim, é precisar ser forte, e quem consegue força quando aquilo que nos fazia feliz chegará ao fim?
Às vezes, por mais que o fim seja a melhor solução, por mais difícil que seja aceitá-lo, por mais inevitável que seja, não deixa de ser difícil. Por isso, prefiro acreditar, que as coisas acabam, para recomeçarmos em qualquer outro lugar ou momento.