O Gênio da lâmpada

O Pascal era um homem simpático, solteiro, educado, estudioso, ateu e muito sonhador, muito mesmo. Sempre quis conhecer várias partes do mundo - um interesse que passou a ter através dos livros de história desde pequeno.

Num domingo à tarde, caminhando sozinho por uma avenida do distrito industrial, avistou um volume embalado que estava sobre as raízes de uma árvore. Logo foi abrir pensando que poderia ser alguma coisa valiosa. Quando rompeu coma a embalagem, foi tomado por um clarão imenso. Dissipada a luz, apareceu-lhe um gênio, só que meio diferente dos tradicionais contos. Ele era magro, ruivo e de olhos esbugalhados. E disse com voz de taquara rachada:

- Rapaz, tenho poderes para te mandar para qualquer lugar e para qualquer época. O que queres que eu te faça?

- Bom, será que estou sonhando? - Pensou Pascal.

Mas não tendo nada a perder resolveu fazer alguns pedidos, já que queria uma coisa que pudesse fazer a sua vida melhorar.

- Gênio, eu sempre quis conhecer o nordeste do país.

- O seu pedido é uma ordem - disse o gênio...

Imediatamente foi enviado para a Bahia, porém no meio da guerra de canudos! Literalmente caiu em chumbo grosso...

Um homem perguntou em alta voz: Quem é esse cabra?! Desconfiado de onde estava, Pascal suplicou: Gênio me tira daqui! (foi o suplício mais intenso que deu em toda a vida)

- Você não pediu nordeste? - Retrucou o gênio.

- Sim, mas era com emoção e não com aflição...

- Então me manda para o sul do Brasil. Quero EMOÇÃO viu? Vê se não erra novamente.

Pascal foi então parar na guerra dos farrapos. Bento Gonçalves montado em um cavalo perguntou gauchescamente:

- Ei guri esquisito, de que lado estás?

- Sei lá! - respondeu e desesperado Pascal.

- Pega este desertor! - Ordenou o general Bento.

- Socorro seu gênio maluco! - suplicou o decepcionado homem.

- Voltando disse (sem fôlego algum): Me manda pra fora desse Brasil. Eu quero um negócio mais trash.

- É pra já!

Foi então transladado para o meio da inquisição espanhola. Lá lhe perguntaram:

- Você é católico ou herege?

- Nenhum dos dois - respondeu já tremendo naquele ambiente tétrico da sala de tortura.

- Corta o saco dele fora! - Ordenou o inquisidor.

- Aqui não!

- Gênio! - Chamou outra vez por socorro...

Mesmo vendo que o gênio era totalmente atrapalhado, ainda insistiu:

- Quero uma viagem que me dê prazer - disse em tom de sol menor oitavado.

- Tudo bem, entendido - exclamou titubeando o desastrado gênio.

De repente quando se deu conta, Pascal já estava na recamara de Julio César.

O imperador logo imaginou que se tratava do seu mais novo “concubino”. Estava literalmente á ponto de bala esperando o coitado se despir.

- Cruz credo! - Bradou o desventurado homem.

- Agora é sério gênio. Se você não me tirar daqui agora eu vou perder minha “pureza”. Anda logo!

Por fim, quando já era hora de desistir de tudo aquilo, ele resolve ir para o ultimato.

- Ainda não conheço o mar - disse todo consternado...

O gênio movido de compaixão o enviou direto ao Titanic. Porém em naufrágio.

- Não era aqui seu burro! Rose me acode!

Quando voltou estava com os lábios roxos como um roqueiro gótico vampirista.

- Melhor mesmo é em terra seca né? - Disse Pascal.

- É pra já - concorda o gênio.

Num piscar de olhos estava em pleno Saara sob o sol do meio dia. De lá mesmo disse para o gênio que um ecoturismo não seria má idéia. Á final, ele gostava de aventura. Quem sabe surgiria uma cachoeira na estória.

De repente apareceu em um safári na Namíbia junto das feras selvagens.

Quando se deparou com os felinos que tinham aquelas patas maiores que raquete de ping pong, foi realmente o fim.

- Meus Deus! Senhor Jesus! – Clamou Pascal.

- Ué, você não é ateu rapaz? - Perguntou o gênio que na verdade estava sob o efeito da cachaça “Chora Rita”.

- Bom, só de vez em quando né...

Então disse o gênio com aquele bafo terrível:

- Agora você vai fazer umas visitinhas.

Imediatamente o desequilibrado gênio o transportou ao hades, à Gaza, Porto Moresby, Trípoli, Sodoma, Nínive e ao palácio do planalto em Brasília para aprender a clamar mais um pouquinho...

Anderson Abraão
Enviado por Anderson Abraão em 19/01/2017
Código do texto: T5886542
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