VAPOR VELHO

Era avançada a idade de Benjamim, o timoneiro daquela embarcação que diariamente saia do pequeno porto das Rosas e deslizando pelas aguas doces do Rio Portela dirigia-se até o vilarejo de Santafé.

O barco era movido por uma caldeira que fazia funcionar, por vapor, as rodas de pás, as quais davam ao pequeno barco todo um mecanismo de propulsão. Por tanto tempo de uso, era chamado de Vapor Velho.

Os passageiros, alguns camponeses, muitas donas de casa e mães que procuravam através de tratamento médico, ajuda e préstimos, no lugarejo maior. A viagem para eles era sempre tranquila, pois confiavam no capitão e nunca preocupavam-se com fim da vida útil do vapor velho. Benjamin não considerava-se apenas condutor de pessoas e sim de sonhos, desejos e esperanças.

Benjamim tinha pelo pequeno barco um carinho especial era para ele bem mais que seu ganha pão. Era ali no timão, que ele via, como as aguas do rio portela, a sua vida transcorrer, as vezes calmas e outras tortuosas. Conhecia os peixes e os pescadores, via o brilho dos cardumes aproximando-se do seu barco e imaginava a alegria que, na barranca do rio, os pescadores sentiriam.

Meio dia, a sirene apita, alguns moradores já aguardam no pequeno cais a chegada do Vapor Velho, junto ao apito o boné xadrez do velho Benjamim é avistado, alguns homens e crianças correm, na esperança de encontrar parentes e amigos. É um momento alegre.É a realização do timoneiro.

Quantas vezes, nós no nosso rio da vida lamentamos e lastimamos o estado da nossa embarcação, esquecendo-nos que sempre fomos nós que estivemos no timão, não podendo exigir, portanto, mais vapor do Velho Vapor...

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 17/01/2017
Reeditado em 24/01/2017
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