"Eu não sei sentir saudade!"

Li essa frase em algum lugar e, automaticamente, pensei em mim. Fiquei aliviada de saber que mais alguém no universo também não sabe sentir saudade. Estive com uns amigos de infância no último final de semana e olhando para aqueles rostos tão familiares eu percebi que eu, decididamente, não sei sentir saudade. Eu a permito arrasar o meu coração, sou a saudade em pessoa, a velha que nunca esquece. A experiência de nos reencontramos, depois de mais de 15 anos sem nos reunir, me permitiu pisar, novamente, em solo familiar e experimentar aquela sensação gostosa de saber que já esteve ali e não há surpresas, não há nada a temer. Não há boletos para serem pagos, nem fraldas para serem trocadas, nem currículo para entregar, pois ainda é a velha calçada, e as pipocas, e os bombons para serem compartilhados. Olhando para eles eu vi que ainda éramos nós, um pouco modificados pelo o tempo, mas éramos nós. Quando se é criança torcemos para crescer, mas quando a gente cresce, nos arrependemos de ter pedido errado à Estrela Cadente e então a gente fica assim, procurando resquícios do tempo perdido. Apesar de tudo, mantenho o coração grato porque, embora tenhamos as rugas e as barbas se destacamos nos rostos, ainda são rostos familiares e ainda somos nós.

Dedicado aos amigos:

Renata, Denise, Herisson, Leandro, David, Dany, Dalto, Gustavo, Débora e Valéria.