Assim mesmo
 
Há dias que o poema “Entre você e Deus”, da Madre Teresa de Calcutá, não me sai da cabeça. Verdade seja dita, não o poema todo. Atualmente não tenho memorizado nem os meus e tenho esquecido constantemente onde estão as chaves de casa. Então, confesso, não lembro do poema inteiro. Mas há versos que estão ecoando em minha mente, embora fragmentados. Em suma, o poema fala sobre darmos o melhor de nós mesmos e fazermos o certo ainda que as outras pessoas não o façam ou nos acusem pelo que fazemos e até nos maltratem, entre outras coisas.

Reli o texto nesta manhã e fiquei pensando em sua mensagem. Seja gentil, assim mesmo. Seja honesto, assim mesmo. Vença, assim mesmo. Seja feliz, assim mesmo. Faça o bem, assim mesmo. Dê o melhor de você, assim mesmo. No final das contas é entre nós mesmos e Deus – ou seja lá em quê ou quem cada um acredita.

A primeira vez que li o poema, eu me senti tocada por sua sabedoria tão simples. Contudo, durante esta semana, fiquei me perguntando se não seria peso demais para uma pessoa que não está conseguindo ser aquele modelo descrito no texto. Diga-me, quantos de nós conseguimos ser bondosos, gentis, compassivos, modelos perfeitos o tempo todo – apesar dos outros? Mais, sejamos francos, nem sempre o inferno são os outros, ora bolas! Não pode ser que sejamos sempre os mocinhos lutando contra vilões horríveis. Quantas vezes não somos, ainda que sem intenção, “as outras pessoas” mencionadas na poesia. Muitas e muitas vezes, podemos ser nossos próprios inimigos. Como se diz por aí hoje em dia, ah, aquele 1%..., pelo menos aquele 1% existe em cada um de nós. E aí, a primeira lição do poema, “perdoe-as, assim mesmo”, precisa ser uma verdade constante para nós. Perdoe as pessoas, claro. Mas, perdoe as suas falhas também. Perdoe-as quando quiser se autoflagelar, perdoe-as quando se olhar no espelho e se achar tão mau. Perdoe-as, por que é importante saber se perdoar assim mesmo.

Todos falhamos. Todos precisamos do perdão. Muitas vezes carregamos por demasia o peso da culpa, do medo, mágoas e tristezas. Que peso imenso. Como amar o próximo como a nós mesmos se não nos amamos? Como perdoar ao próximo se negamos a nós mesmos a bênção libertadora do perdão?

Perdoe-se. Pode ser que antes da apresentação final, ao fim de cada dia, seja só entre você e você mesmo. 


 
Solimar Silva
Enviado por Solimar Silva em 23/01/2016
Reeditado em 23/01/2016
Código do texto: T5520790
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