Crônica #124: Invasão de Privacidade

INVASÃO DE PRIVACIDADE

Crônica #124

Tinha tudo para ser um dia calmo, tranquilo e festivo. Afinal de contas se comemora o Dia das Mães.

Tive uma semana exaustiva de trabalho. No final da tarde, jornada extra no Festival Internacional de Filmes Curtíssimos em Brasília. De Highlink a Capital City, um longo trajeto de duas viagens ida e volta. Muito estressante, mas prazerosamente gratificante, visto que fazíamos o que apreciamos. De consolo, restava o domingo para recobrir as perdas numa restauração completa.

Não reclamamos, mas o prazer de ali estarmos nos impelia com coragem e vigor a desempenharmos as tarefas a nós confiadas. Mais de cem filmes de, no máximo, três minutos ganharam a telona do Cinema. Três noites de projeção contígua, em duas etapas: internacionais e nacionais. Produções das mais variadas qualidades e gostos. Tinha de tudo. Finalmente a premiação. Depois a apuração do juri popular. Uma experiência para mim e nossa equipe.

Quando criança sonhei, de alguma forma, trabalhar em cinema quer como ator, produtor, quer em qualquer outra atividade dessa área. O tempo passa e o que parece nunca se realizar, no saguão da Terceira Idade, vejo-me aqui, carreado por meu filho caçula, cineasta surgente num festival internacional do gênero. Coincidência? Creio que não. Puro colher de sementes em sonho plantadas.

Bem! Chegando em casa, início de madrugada de domingo, dormido alinhavado, confiante de complementar o repouso após o almoço. Sem noção! Pensa que consegui?

Highlink, distrito de Capital City, tem tudo para ser um lugar calmo, sereno e tranquilo para se viver e é. No entanto, o abuso de um entre 360 moradores desassossega qualquer ser vivente. Coisa inconcebível. Todos aqui têm mãe e somos extremamente gratos por ela, pois, sem dúvida, é digna de toda homenagem e ainda ficamos a dever. Casa, por maior que serja não precisa de paredão de som, conjunto de samba ou pagode etc para fazer uma reconhecida, digna e sincera homenagem ao ser, abaixo de D'us, mais importante em nossa história. Decisivamente, não!

Pois é! Após retornarmos do almoço em homenagem à Rainha do Lar, comecei a me desativar e mergulhei de corpo e tudo em meu leito, em busca de um restaurativo sono. Máscara de inspiração posta, plugado, adentro no Luftmóvel, afivelo o cinto e pressiono o botão de desligar. Pluft! Espero apagar e quase isso. Porém, o pior aconteceu. _ “Alô som! … Um, dois... testando!" _ E por aí vai. Agito-me de um lado para o outro e o que era para ser um agradável e restaurador ressonar, dormir e sonhar, transformou-se num vigilante pesadelo. Sem desconfiômetro algum, os vizinhos usaram e abusaram do direito, que não tinham, de perturbar o direito do morador ao lado que, mais que legítimo, precisava de uma boa soneca para enfrentar o batente cabeça de semana, a famigerada segunda-feira.

Pensando aqui com meus botões e cadarços, se deveria ter reclamado o meu direito de descansar sossegado dentro do meu sagrado lar, mesmo correndo o risco de um desafeto ou, quem sabe, pela defensiva de terceiros, ser tachado de preconceituoso e tal? Processando aqui as ideias, buscando uma solução. Mas já passou e tudo transcorre em aparente tranquilidade. Mas que isso não se repita porque ninguém merece!...

Que possamos gozar plenamente de nossos direitos, sem jamais invadir o direito e a privacidade dos demais que nos cercam.

Tudo pela paz e bem-estar coletivo!

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 12/05/2014
Reeditado em 14/05/2014
Código do texto: T4803594
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