Olhai os lírios do campo - Érico Veríssimo - Lembrança Literária

Era ainda criança ou já adolescente quando li este livro. Lembro do personagem principal que, se não me engano, chamava-se Eugênio e cujo complexo de inferioridade chamou-me na época muito a atenção. Antes de eu ler o livro, lembro que haviam exibido na TV uma novela baseada nesta história, com Nivea Maria no papel de Olívia e Rosa Maria Murtinho, se não me trapaceia a memória, a dona rica e mimada com quem Eugênio viria a se casar. Lembro do figurino antigo, de plumas brancas e chapéus da cor lilás. Lembro, pelo livro e não pela novela, que Eugênio e Olívia tiveram uma filha, Ana Maria. Li esse livro uma única vez, mas ele me marcou tanto que certas passagens sobreviveram à passagem do tempo em minha memória. Foi lá, neste livro, que pela primeira vez descobri a beleza e a simplicidade dos lírios, muito antes de outras belas passagens bíblicas — textos magníficos que mais tarde viria a descobrir.

Digo que me marcou o complexo de inferioridade do médico Eugênio, pois ainda hoje me dá pena ver como certas pessoas cospem suas frustrações em cima de outras, e de graça, simplesmente por não se conhecerem bem, não conseguirem enxergar em si mesmas coisas tão óbvias que comportamentos e palavras só fazem denunciar. Ao longo do romance de Veríssimo, Eugênio, o protagonista, sofre grande evolução, ajudado por Olívia e, após a morte desta, pela menininha Ana Maria. Pena que, na vida real, pessoas que sofrem do mesmo mal que Eugênio sofria muitas vezes não conseguem sair do lugar. Dá pena, muita pena observar casos assim.

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