Filósofo, você conhece algum? (II Parte – Aquele que é e não é)

Conclui no texto anterior que a distinção entre o filósofo e o não filósofo é meramente comportamental, ou seja, uma diferença que se expressa no comportamento. Descartes diria que a diferença entre o filósofo e o não filósofo é que o primeiro conduz o pensamento com método ao passo que o segundo não segue regra alguma: “a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas”. Logo o pensamento filosófico se materializa no comportamento filosófico, é certo que o comportamento é mais discernível do que o pensamento, porém não há larga vantagem, uma vez que a expressão do comportamento não representa necessariamente uma fórmula como foi escrito no texto anterior oscila do santo ao transgressor.

Tecnicamente o filósofo não existe, razão pela qual nem todas as ciências o reconhecem, a argumentação é simples e direta, pois seja o sujeito: filósofo ou não, ele somente se constitui em sociedade, dela é produto e pouca ou nenhuma influência terá sobre ela, dela é dependente e cliente, em outras palavras não passa de mais um que se sujeita as mesmas leis fundamentais que regem a vida da maioria, nasce como qualquer outro, necessita de aprendizagem, deve inserir-se nas regras dominantes s fim de obter recursos para sobreviver, come, sente frio, faz necessidades fisiológicas, sente desejo, procria, sente dor, necessita de cuidados especializados, e morre como qualquer outro vivente ou morrente.

Como atribuir algum privilégio a figura filosófica diante de tais circunstancias? Ao meu ver o que se diz filósofo não passa de mais um estranho que se adéqua há um dos perfis: ou é recluso, romântico, niilista um sofredor, ou é contraditório, critico, rabugento uma espécie de mau amado, ou então irônico, extraterrestre; enfim um desconhecido que só ele se reconhece, os que o reconhecem, só o fazem por um impulso caridoso, uma espécie de esmola social, é certo que se um dá e o outro recebe é suficiente para que se configure um suposto filósofo ou como diria alguns aquele que se diz filósofo.

Concluo então que o filósofo é aquele que é reconhecido socialmente, como um advogado, médico, padre, pastor ou coisa do gênero, com uma diferença, estes dos quais citei recebem pelo que fazem, ao passo que desconheço alguém remunerado por ser filósofo, talvez seja ignorante a este respeito, mas deveras desconheço alguém remunerado por ser ou por ser chamado de filósofo.

O filósofo é então aquele que é e não é, é por que dizem que é, e não é por que não lhe concedem uma utilidade cotidiana.