E ELE... QUEM ERA MESMO? - (À DERIVA)

Não. Não havia tranquilidade naquela caminhada, nem em mim nem tampouco nele, a sensação que eu tinha era de que formávamos um belo par de mudos estranhos caminhando lado a lado. Sentia as minhas mãos crispadas e um desejo quase incontido de segurar aquela mão que roçava na minha, mas o dono dela não demonstrava esse mesmo desejo, pelo contrário, era como se pressentisse o meu gesto e o repelisse; pelo menos era no que eu acreditava.. Assim caminhávamos: apreensivos e inseguros. Aquele momento a sós não era nosso, era roubado, não pertencíamos um ao outro, logo, logo ele partiria. E eu o que faria depois de sua partida? O esqueceria? Afinal, nem nos conhecíamos! Nunca nos vimos antes! Mas com certeza depois dessa aventura inconseqüente, inesperada, se eu seguir os meus impulsos, me tornarei nômade, transformarei a minha vida num barco e me jogarei mar afora à deriva, sem bússola e nenhum timoneiro. Partirei em busca de outros mares. Que venham as tempestades, as calmarias, os icebergs. Não quero avistar nenhum farol pra me guiar; se o vento e as correntezas me arrastarem, pouco importa onde vá bater com os costados.

E ele... Quem era mesmo...?

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 02/06/2009
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