Ser cristão e criança

Ser cristão é ser criança.

O cristão é aquele menino que, sem prejulgamentos nem convencionalismos, nem temor servil, se aproxima do Deus encarnado, com fé, e sentado em seus joelhos, sem ligar para suas vestes amarfanhadas, sabe que ninguém o separará do amor de Deus, nem a morte, nem os inimigos escrupulosos que o interpelem: “não incomodes o Mestre”.

Jesus Cristo é o menino por antonomásia; é o eterno nascente, o eterno engendrado, o eterno rebento que o Pai se alegra em criar de Si. E o cristão que pelo batismo consagrou sua vida em transformar-se “de claridade em claridade” na imagem de Deus pela contemplação de amor, e porque o amor torna iguais aqueles que se amam. O “Menino-cristão” é conhecido pelo sorriso, esse sorriso que só é possível aflorar nos lábios de uma criança pura, limpa de tudo o que não seja amor puro, desinteresse, sinceridade e que, no entanto, tantas vezes aparece marcado por rugas, o que torna ainda mais paradoxal o seu aspecto.

O mistério da infância é paralelo ao mistério do cristão (não o monge encapuzado, novelesco, oculto entre vetustos ciprestes ou escondido em inacessíveis coros), mas sim o mistério do homem que foi capaz de arrancar do seu corpo as vestes do homem velho, para converter-se num homem novo, nova criatura. Criatura, menino recém-nascido: “e Deus viu que era bom”. Menino eterno, menino que faz da sua trajetória por este mundo uma projeção da infância eterna que é um mistério mais insondável ainda, que se vive no seio do eterno Logos ( Verbo) a Palavra de Deus, que se encarnou e que como um menino, chorou.

Iliana
Enviado por Iliana em 21/12/2016
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