A SAGA DE ZUMBI DOS PALMARES EM CORDEL

Se desamarre das correntes da opressão  

E siga os passos do eterno rei Zumbi...
Que criou um oásis dentro da escravidão
E fez o sol da nossa liberdade ressurgir!
Fez uma reforma agraria em nossa nação
Contra a vontade dos poderosos daqui! 

 
Enquanto estiver um negro oprimido
Bem preso no tronco desta pobreza!
Toda nossa bonança não fara sentido,
Pois o homem do homem virou presa!
Mesmo que o carnaval faça um alarido?
Nossa alegria será fingida com certeza!
 
Que o Zumbi seja o nosso referencial,
Para toda a gente e qualquer cidadão!
Que batalha, luta contra o grande mal,
Contra os “resquícios” da escravidão!
Vendo povo se amontoar como jornal,
Nos transportes coletivos desta nação!
 
Esqueçamos a Lei Áurea enganosa
Que foi para o negro uma usurpação!
Assinada por uma Princesa poderosa
Que livrou os negros da vil escravidão!
Porem jogou-os na miséria sem prosa,
Habitando as favelas sem urbanização!

Os libertos foram vender nosso acarajé,
Pois eram analfabetos e sem a educação!
A negra se prostituiu no nosso cabaré...
E continuou trabalhando para o barão!
Outros foram para as ruas como esmoler,
Enquanto o resto foi abarrotar a prisão!
 
Mesmo com injustiças e a desigualdade,
Com milhões de gente vivendo do lixão
E outros milhares nas ruas desta cidade.
Isso parece não incomodar nós cidadão.
Parece que faz parte da nossa realidade,
Assistir ao ser humano em degradação!
 
O pobre virou piada na nossa televisão,
E seu grito virou uma grande zombaria!
Ninguém leva a serio a dor de um irmão,
E da sua miséria faz tremenda picardia!
Parece até acostumado com a corrupção,
Que troca os seus direitos por nota fria!
 
Consciência das “algemas” não se tem,
Pois estamos anestesiados no carnaval.
E para piorar a Copa no ano que vem...
A nossa população vai se surtar geral.
Melhorar vida não é meta de ninguém,
Pois o futebol é a coqueluche nacional!
  
O politico o próprio salario aumenta,
O jogador estipula quanto vai ganhar!
Do lado pobre nossa corda arrebenta...
E por um misero mínimo vai batalhar!
Na eleição ser enganado experimenta
E elege o algoz que vai lhe explorar!
 
Vejo a nossa delegacia superlotada,
De pardos, negros e de analfabetos!
Parece “navio negreiro” da cambada
Que estão excluídos por completos!
E a sociedade ignora gente armada...
Que habita nossos guetos secretos!
  
A desigualdade é o nosso pelourinho,
E o bacalhau nos açoita nesta pobreza!
Uma senzala na favela é o nosso ninho,
E a feijoada é o prato de nossa mesa!
Viajamos num transporte apertadinho
E se protestar cai no pau com certeza!
 
Imigramos da senzala para a favela,
A polícia substituiu capitão do mato!
Invade os barracos nas nossas vielas
E leva os pardos para o assassinato!
A lei Aurea só abrandou as mazelas,
Porem a exploração perpetua de fato!  
 
A nossa moradia é um pobre barracão,
E o nosso salario uma gorjeta de barão.
Se bobear da policia ganha o pescoção
E vai virar mais um entulho na prisão!
Para a lida vai empilhado na condução
E a sua segurança a mercê dum ladrão! 
 
Depois de velho a coisa passa piorar,
Pois falta UTI, leito, lençol e hospital.
O Zé povo ainda vem lhe discriminar
Dizendo que velho só deve passar mal,
A sua pensão o seu filhinho vai roubar
Para apressar logo o esperado funeral!
 
Vivemos em meio a tanto bandeirante
Que assassinamos a qualquer Zumbi...
Basta gritar aquele grito retumbante?
Que aparecem os Domingos contra ti!
Falar em liberdade para o semelhante?

Fere a Constituição da Republica tupi!

DO LIVRO:
A SAGA DE ZUMBI DOS PALMARES NO BRASIL CONTRA O TRONCO O CHICOTE E O FUZIL
BIRCK JUNIOR