Receptividade
 
Ele é um aditivo
Pronto e à disposição
À mão de todo indivíduo
Jovem, médio ou ancião
Ligado sempre aos sentidos
Por assim dizer nutrido
Nas cápsulas do coração
 
Os sensores oculares
A mecânica dos ouvidos
Tatos, cheiros, paladares
Tudo isso reunido
Além do que captares
Flutuando pelos ares
Vos deixará bem munidos
 
Foi a sábia natureza
Pra ser óbvio, reitero
Que me deu tanta certeza
Do que faço e do que espero
Quando dotou da destreza
E a corriqueira beleza
De se poder ser sincero
 
Com parciais exceções
Temos sempre algum temor
Em sermos anfitriões
Praticarmos pré-amor
Cujas significações
Remontam tempo e rincões
Não sei onde começou
 
Essa prática é a simpatia
Com os nossos semelhantes
Com quem não se conhecia
Até chegar nesse instante
E com dosada alegria
Pela nova companhia
Ter acolhida elegante
 
Nós sabemos o teor
Usamos quando queremos
Buscamos o pré-amor
Nos momentos que estivemos
Prestes de ser perdedor
Num perrengue, numa dor
Num instante recorremos
 
Essa flexibilidade
Altos e baixos da gente
Mostra a capacidade
Se formos mais exigentes
Com nossas falsas verdades
Ao usar a realidade
Como barreira excludente
 
Mil lições em pouca vida
Exemplos despercebidos
Que não vemos com a devida
Atenção pelos sentidos
Por duas ou mais feridas
Marcadas ou remoídas
Basta pra não dar ouvidos
 
Porém tudo tem dois lados
E rancor gera rancor
Talvez o maior pecado
Só atinja ao pecador
Se nada for encontrado
Contra quem está do lado
Aí já começa o amor