O PEIDO DA ROSINHA

Como quem ao mundo se predestina,

apenas Rosinha, linda flor em botão.

Nem mulher, nem moça e nem menina,

diria, uma mulher ainda em formação.

Entretida, certo dia subia o espigão,

caminhando e saltitando pelo carreador,

Cantando alegre uma linda canção,

que contava um belo causo de amor.

Ora assobiava, ora pulava ou cantarolava

Mas só, estava caminhando a Rosinha.

O motivo de tal alegria ninguém atinava,

fazia parte de um segredo que tinha.

Era assim a vida naquele solitário recanto,

onde se vivia plenamente a cada segundo,

e Rosinha, apesar de todo o seu encanto,

a coitadinha parecia tão só neste mundo.

Era a caçula de uma grande família,

perdeu a mãe era ainda uma criança.

Criada pelos irmãos, cresceu a revelia,

e da mãe trazia apenas vaga lembrança.

Não era criança e nem adolescente,

talvez naquela idade ainda indefinida,

mas sentia no corpo algo diferente,

não sabia que era o desabrochar da vida.

Longe dos olhares de cobiça dos moços,

sentiu se a vontade , tão só a caminhar.

Levantou a saia bem acima do pescoço,

e a cada salto, um peido bem alto no ar.

Contando um a um quando ao décimo pressentiu,

que do cafezal vinha um barulho esquisito.

Baixou rapidamente o vestido, as pernas cobriu.

ao olhar para traz, la estava o negrinho Benedito.

O menino contemplando aquela belezura,

não cabia em si, estranho contentamento.

Criança ainda, mas menino em formatura,

não sabia a origem de tal comportamento

Inerte contemplava a menina, alegre a sorrir.

Corada de vergonha então ela perguntou:

__ Estrupício de menino, porque estais a me seguir?

__ Quanto tempo faz que você me acompanhou?

Embora com medo, mas por doce malvadeza,

mostrando os alvos dentes, de longe sorrindo,

foi dizendo à rosinha, linda flor camponesa:

__ Desde primeiro peido eu estou te seguindo

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 22/09/2017
Reeditado em 22/09/2017
Código do texto: T6122163
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.