Sozinho

Hoje ele acordou sozinho

Não queria levantar:

Não tem ninguém aqui comigo

Não tenho motivos para continuar

Se eu estou sempre perdido

Eu não sei por onde começar

Queria encontrar um abrigo

Um carinho, um amigo

Pois não tenho ninguém para me ajudar

Eu comecei cedo na vida

Não tinha família

Nenhuma direção para me guiar

Eu me criei na rua

E sem culpa nenhuma

Comecei a roubar

Eu roubava lojas e bolsas

Eu corria entre velhos e moças

Eu temia morrer

Mas era bom de correr

E precisava comer

Podem dizer que sou ruim

Que sou mau do começo ao fim

Marginal

Perigo para sociedade

Aos dezesseis era bandido cruel

Nas mãos da impunidade

Matava pessoas só por maldade

Hoje ele acordou caído

Não conseguia levantar

Levou a mão ao peito ferido

O sangue escorria sem maneira de estancar

Não tinha nenhum indivíduo

Disposto a lhe ajudar

No fim da vida ele soltou um gemido

Lembrou na multidão, um rosto conhecido

A face de seu pai...

Ele não parecia se importar

De ver seu filho ferido, no chão tingido

Do sangue perdido

Sem olhar muito para o menino

Ele seguiu seu destino

Seu olhar seguiu firme, nunca recuou

Antes de partir o garoto pensou

Eu passei a vida sozinho

E sozinho eu vou terminar

De mim o mundo já não corre perigo

Menos um demônio para a sociedade caçar

Eu vou morrer, mas vão ficar

Outros que assim como eu

Não tem família para contar

Meninos solitários

Que não tem ninguém para amar

Procuram seu pai na multidão

Mas ele não está lá...

Se perguntam para onde ele foi

"Se eu estou aqui sozinho

Onde ele está?"

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 22/09/2017
Código do texto: T6121803
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