Guardei na mente o retrato Da casa que morei nela
Mote de Silvano Lyra
Glosas de Edmilton Torres
I
Pra sempre vou relembrar
Detalhes da minha vida
Como a casinha querida
Que um dia foi meu lar
Recordo que pra chegar
Eu abria uma cancela
E por sobre uma pinguela
Atravessava um regato
Guardei na mente o retrato
Da casa que morei nela
II
Depois da ponte um caminho
Que parecia um aceiro
Levava até o terreiro
Que tava sempre limpinho
Do lado esquerdo um moinho
Junto à porta uma janela
Era uma casa singela
Sem luxo nem aparato
Guardei na mente o retrato
Da casa que morei nela
III
O terreiro bem varrido
Fazia vez de calçada
Um batente na entrada
Ao lado um jasmim florido
Um vira-lata atrevido
Servindo de sentinela
Sempre ao lado da gamela
Que lhe servia de prato
Guardei na mente o retrato
Da casa que morei nela
IV
Minha casa era branquinha
Com um Flamboyant na frente
Na hora do sol poente
Ficava em sombras, todinha
Já a planta, floradinha
Parecia uma aquarela
No conjunto, imensa tela
De um pintor abstrato
Guardei na mente o retrato
Da casa que morei nela