A CALÇOLA ESQUECIDA NA CÂMARA FEDERAL

A CALÇOLA ESQUECIDA NA CÂMARA FEDERAL

Miguezim de Princesa

I

Na sala da liderança

Daquele grande partido,

Encontraram uma calcinha preta

Com o fundo meio encardido

Bem no canto da parede,

De um jeito bem retorcido.

II

Foi na Câmara Federal,

Por detrás de uma cadeira,

Quem achou de manhãzinha

Foi Francisquinha copeira,

Ela viu a coisa preta

E se assustou com a tranqueira.

III

Saiu na maior carreira,

Quase lhe dá uma doidiça,

Se encontrou com o segurança

Na Comissão de Justiça:

- Aconteceu um “negoço”,

Chame o chefe da Puliça!

IV

- Arreda pra lá, mundiça! –

Se exaltou Joaquim soldado,

Ia mexendo na calçola,

Sem tomar nenhum cuidado,

Quase que bota a perder

Esse local preservado.

V

Chegou logo o delegado

E o perito de plantão,

Um agente encarregado

E também um escrivão,

Todos viram na calcinha

Agarrado um formigão.

VI

Coitado do formigão,

Grudado ali feito cola,

Pegou-se à parte de dentro

Ficando igualmente uma bola,

Inebriado com o cheiro

Que exalava da calçola.

VII

- Pega essa fita e isola -,

Disse o Dr. Zacaria.

- Recolha a calça e o besouro,

Leve pra antropologia,

Pela morte da formiga

Descubro qual foi o dia.

VIII

Pra tirar o formigão

Deu um trabalho danado,

Porque quando ele morreu

Estava bem agarrado,

Não se sabe se feliz

Ou muito contrariado.

IX

- Se puxar, fica estragado -,

Disse o doutor Chico Moura,

Pegando o fundo da calça,

Margeando uma salmoura,

Fez um buraco redondo

Com uma pequena tesoura.

X

Quando findou o exame

Com o auxiliar Teixeira

O perito Chico Moura

Gritou pra Polícia inteira:

- O crime foi praticado

Na sessão de terça-feira!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 24/07/2017
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