DEVOLVA MEU SÃO JOÃO
Imagine seu carnaval
Com instrumentos classicistas
E você atrás do trio
Escutando os concertistas
Com piano e violoncelos
Violinos muito belos
E flautas renascentistas
Agora pense numa ópera
Que ao contrário do carnaval
Tenha o som do agogô
Uma cuíca e um timbal
A alegria de um pandeiro
A energia de um zabumbeiro
E o zumbido de um berimbau
Realize uma vaquejada
Evento de nossa cultura
E arrume um empresário
Que contrate porventura
Para alegria dos vaqueiros
Os bons e grandes roqueiros
Da metallica e do Sepultura
Experimente ir a um rodeio
Que é uma cultura importada
E bata a sola da bota
De acordo com a peonada
Batendo também a mão
Requebrando até o chão
No compasso da Timbalada
Naquelas rodas de samba
Que animam o Rio de Janeiro
Bote solos de guitarra
E se afine com seu parceiro
Dê um toque universitário
Bote os bambas no antiquário
E despreze o som do pandeiro
E nas festas do Nordeste
Onde nasceu o Rei do Baião
Esqueça um século de história
Do Rei Luiz do Sertão
Entregue-se à “sofrência”
Mergulhe na decadência
E acabe com a tradição
Achas reles o relabucho
Mas ficas bancando o bocó
Dançando com a mão no chifre
Gemendo e girando só
Enquanto tem gente mocha
Se acabando no bate-coxa
Com o bom e velho forró.
Eu só quero que você saiba
Que o forró é pro sertão
Uma mistura bem brasileira
Tal qual o arroz com feijão
Se você quer o que não combina
Vá dançar na Cochinchina
Mas devolva o meu São João
Respeite nossos artistas
E o São João tradicional
E saiba que a boa música
É perpétua e atemporal
Guarde então os seus duetos
Para as festas de Barretos
E um evento mais atual.