Sonho do poeta sertanejo

Um poeta meio andarilho
Desses cabras sertanejos
Vendo seco o seu sertão
Pediu cheio de desejo
Que caia chuva na terra
Como nega dando cheiro

Se em janeiro e fevereiro
A terra só ficou "zarôia"
E no mês de São José
Só caiu uma garoa
Que caia chuva em abril
Para a coisa ficar boa

Que no período do abril
Caia chuva o mês inteiro
Como o som de uma sanfona
Molhe bem todo canteiro
Na quantidade de baixos
Do Gonzaga sanfoneiro

Que venha um pouco em maio
Para encerrar com glória
Diferente de outros anos
Mudando essa triste história
Venham chuvas das lembranças
Hidratar nossa memória.

Que os rios botem cheia
De "arrombar" mãe de rio
E feche o tempo uns dias
Deixando o sertão bem frio
Chuva sem hora marcada
De sapo e rã ter calafrio

Umas três chuvas de cem
Pra encher poço e barragem
Cisterna, barreiro e cacimba
Recuperando a açudagem
Água zuando nas grotas
Modificando a paisagem.

(29/03/2017)

Foto: Audoeme Alencar