Fartura de amor

I

A chuva alimenta a terra,

O pólen fecunda a flor,

O gesto traz amizade

Os olhos brilham de amor.

Ao lado da minha casa

A lua é meu refletor

E no ninho inacabado

Um ovinho no calor

Logo vai trazer ao mundo

Um pássaro cantador.

II

Quando o sussurro do vento

Quebra o silêncio da roça,

Parece que o bom momento

Já chega fazendo troça.

A chuva que cai de leve

Não é preciso ser grossa

Faz o chão ficar verdinho

O pasto se enche de poça

E eu fico feliz, sorrindo

Na janela da palhoça.

III

Com flores de cores vivas

O cacto embeleza a terra

E o contente bem-te-vi

Uma serenata encerra

E vai procurar abrigo

Em um cantinho na serra

Bode com medo de chuva

Esperneia, corre e berra

E a rã debaixo do pote

Chama chuva e nunca erra.

IV

Eu sou da roça, sou moço

Sou cheio de sentimentos

Com palavras bem pensadas

Vou moldando os pensamentos

Ao meu redor a fartura

Vinda da chuva, dos ventos

Mas eu não sou passarinho

Cantor cheio de talentos

Falta-me a mulher amada

Nesses tão belos momentos.

V

O mundo inteiro é diverso,

Nada pode ser igual

Meus sonhos planam por perto

E isso é muito natural

Vejo uma estrada sem fim

Nas bandas do mangueiral

Em uma casa de taipa

Bem ao lado de um curral

Mora uma moça bonita

Que é meu bem e que é meu mal.

VI

Menino que quer ser homem

Homem que quer ser menino

Quando olho nos olhos dela

Neles vejo meu destino

Quero trabalhar bastante

Na chuva ou no sol a pino

Vou encher minha despensa

De tudo que for mais fino.

- Eu a peço em casamento,

Na capela toca o sino!

Cisco R. Perantos

Jarrê
Enviado por Jarrê em 20/05/2017
Código do texto: T6004506
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