Minhas recusas.

Recusei ouvir conselho

Não deixei meu pai falar

De mim mesmo era o espelho

Escolhi aonde andar

Em tudo pus o bedelho

Para o meu poder mostrar.

Meu avô ficava triste

A minha mãe lamentava

Colocando o dedo em riste

Eu de tudo reclamava

Dizia que me assiste

Tudo que meu pai comprava.

Todo dia eu levantava

Mas não tinha obrigação

Em geral espreguiçava

Exigindo a refeição

Tudo que alguém me dava

Era sua obrigação.

Caminhando muitas vezes

Para a casa da vizinha

Perguntei aos camponeses

Que seguiam a estradinha

O porquê das suas reses

Não estarem entre as minhas.

Exigi dos empregados

Muito mais do que podia

Deixei todos esfomeados

Sem direito a ter família

E a todos dei maus tratos

Praticando a tirania.

Se algum me acompanhava

Fingido que me amava

Eu fingia que gostava

Mas dele eu abusava

E se outro eu encontrava

Em geral eu castigava.

Fui assim vivendo a vida

Sem nada a preocupar

Esqueci que a partida

Todos devem respeitar

No dia da despedida

Alguém vai nos carregar.

Fui algoz de sentimentos

Fui perverso pra mim mesmo

Todo o meu divertimento

Era caminhar a esmo

Sem pensar no meu momento

Não cuidava de mim mesmo.

Do jardim do sofrimento

Sei que fui o jardineiro

Provoquei ressentimentos

Pra poder ganhar dinheiro

E pra ter divertimentos

Do morrer fui zombeteiro.

No deserto de amor

Eu fui um simples torrão

Só pensava em desamor

Em fazer desunião

Meu olhar causava dor

Sem pensar em gratidão.

Muito tempo demorei

Pra tomar algum juízo

Mas um dia eu acordei

Pra medir meu prejuízo

Então vi o que fabriquei

Por não seguir o aviso.

Perguntei a um estranho

Qual o caminho a seguir

Ele disse que o meu ganho

Está no que desistir

Tudo aquilo que apanho

Eu devo restituir.

Fui aos poucos meditando

Procurando melhorar

À família procurando

Tentando reencontrar

Ao meu pai fui consultando

Sobre o que vou laborar .

Minha mãe eu vi sorrir

No dia que lhe falei

Que eu ia desistir

Da estrada que andei

Nunca mais iria ouvir

Que a alguém prejudiquei.

Fui falar com meu avô

Sobre a minha decisão

Ele não acreditou

Mas me deu sua atenção

Disse que agora eu vou

Receber sua oração.

Para minha avó falei

Que eu vou mudar de vida

E pra ela eu confessei

Que estavas de partida

Ia ver quem encontrei

Pra seguir durante a vida.

Ela perguntou quem é

Respondi que ela me ama

É uma grande mulher

E me retirou da lama

Ensinou-me o que é fé

E vai ser a minha dama.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 06/05/2017
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