CORDEL – Mote – Extinguir a vaquejada – É matar nosso vaqueiro – 31.03.2016

Oitavas de sete sílabas poéticas
Esquema de rimas ABABCDCD

CORDEL – Mote – Extinguir a vaquejada – É matar nosso vaqueiro – 31.03.2016
 
Vivi no interior um longo período da minha vida, trabalhando a serviço de causas nobres, ora junto à matutada, pequenos e grandes produtores agropecuários, por vezes perto de ricaços, todavia nunca vi em nenhuma vaquejada os animais sofrerem tanto como apregoam por aí. Certo que naqueles tempos o divertimento era mais rústico, porém nos dias atuais não há sofrimento algum, até porque os bois que participam da festa geralmente são escolhidos para o matadouro, a fim de nos proporcionar a saborosa carne para o nosso deleite e viver. Além do mais o que o STF tem com isso! Penso que o assunto deveria ficar na alçada do Ministério da Agropecuária.
 
 
 (1)
Tanta coisa pra julgar
Tem o nosso Tribunal
Realmente de amargar
Pois ao povo só faz mal
No campo só bofetada
Com um tiro bem certeiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(2)
São gente de gabinete
Apelidado supremo
Não conhece o tirinete
Mas sempre vai ao extremo
A casa fica abalada
Com tanto voto cabreiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(3)
Cortando tanta alegria
A tradição do matuto
Com certeza eu diria
É um tribunal astuto
Em decisão acabada
Não liga pro financeiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(4)
Falta sensibilidade
A nossa corte suprema
Quando faz essa maldade
Deixando tanto problema
E com pena da boiada
Que desfila no terreiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(5)
Nos dias que vão passando
O animal não sofre nada
Até cauda vão ganhando
Não tem a sua quebrada
Não machuca a manada
O esporte já foi grosseiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(6)
Verdadeira procissão
Invadiu a capital
Pra mudar a decisão
Nunca se viu coisa igual
Verdadeira derrocada
Na vida do boiadeiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(7)
A decisão do supremo
Causou espanto geral
Daqui eu logo blasfemo
Porque vai causar só mal
Mesmo que não publicada
Há juiz interesseiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(8)
E vai proibindo a festa
Pra dizer que é perfeito
Numa atitude funesta
Tenho pena do sujeito
Que em sua canetada
Nesse país por inteiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(9)
Com efeito imediato
Nas finanças nordestinas
Tem juiz que é bem fraco
E vai fechando as cortinas
Isso pra mim é mancada
Provocou grande berreiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(10)
Mas não é só o juiz
Os promotores também
Isso todo mundo diz
Sem olhar qual o porém
Com sentença decretada
Vai falir logo o seleiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(11)
Mas importante é frisar
Pois o boi quando vai vendo
A porteira escancarar
Ele logo sai correndo
Numa grande disparada
Fugindo do cavaleiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(12)
Pela pista demarcada
Durante quinze segundos
Acontece a derrubada
Monte de areia profundo
Na disputa emparelhada
Então por dois cavaleiros
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(13)
Assim o boi não escapa
Certamente vai ao chão
Tanto não dói e não mata
Por vezes um arranhão
A violência afastada
O esporte dá dinheiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(14)
Foi então que o parlamento
Resolveu moralizar
Votando num bom momento
Uma lei para ficar
Pra corrigir a burrada
Porque lá não tem cordeiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(15)
Eu passei grandes momentos
Vivendo no interior
Conhecia boi e jumento
E vaquejada sim senhor
Muita festa, a mulherada,
E até mesmo puteiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(16)
Pra quem gosta de mulher
Nunca vi coisa melhor
Aparecia de colher
Disso conheço de cor
Por vezes sim mal amada
Doidona por um parceiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
(17)
Nunca vi boi sofrer tanto
Como dizem os contrários
Não conhecem, só espanto,
Sempre são adversários
Porquanto na derrubada
O boi cai em areeiro
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro
 
E por aí vai...

 
Ansilgus
21/04/17 16:00 - Jacó Filho compareceu. Grato meu compadre:

Mata-se tanto sem ver,
Com a falta de esgoto.
Tráfico domam garotos,
Por educação, não ter...
Ai chega essa cambada,
Querendo ser justiceiro...
Extinguir a vaquejada,
É matar nosso vaqueiro...

 
Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos
ilumine... Sempre.


21/04/17  - Miguel Jacó compareceu. Grato meu amigo:

O magistrado estudioso,
comete seus exageros,
vai pelo clamor do povo,
nem sempre é certeiro,
pode dar uma vacilada,
entregando de bandeja,
Extinguir a vaquejada,
É matar nosso vaqueiro.

bandido mata bandido,
mata também gente ordeira,
e esta corte reunida,
liberdade ao pistoleiro,
parece uma emboscada,
ou julgamento fuleiro,
Extinguir a vaquejada,
É matar nosso vaqueiro.


Bom dia Ansilgus, parabéns pela primorosa defesa do mote aqui
proposto, um abraço, MJ.


21/04/17  - Deyse Felix falou assim:

Somente quem bem conhece
sobre esse acontecimento
é que pode algo falar.
De verdade não me apetece
se contradigo, eu lamento
mas não quero alguém abalar.
 
Abraços para você
e bom resto de feriado


21/04/17  - dinapoetisadapaz assim compareceu:

A alegria do vaqueiro
É ver o boi derrubado
Pelo seu laço certeiro
Libera o boi do arado
Pra vê-lo correndo ligeiro
Pro Juiz que anda indignado
Extinguir a vaquejada
É matar nosso vaqueiro.

24/04/2017  - Aila Brito interagiu assim, grato poetisa:
 
A decisão do Supremo,
De extinguir a vaquejada,
Vejo como ato postremo,
Pra maquiar toda asnada...
Ô povo mexeriqueiro,
De cultura entende nada!
É matar nosso vaqueiro;
Se extinguir a vaquejada.
 
Meu carinho a você.


27/04/17  - Cristina Gaspar, sempre presente, fez assim:

'Do cordel gosto do ritmo
 E da prosa bem cantada

 Opinar não vou por foro íntimo
 Embora aceite a empreitada
 Tanta coisa para se preocupar
 Quanta coisa requer mais atenção
 Com a antiga vaquejada acabar
 Só deixará o vaqueiro sem diversão'

 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 21/04/2017
Reeditado em 27/04/2017
Código do texto: T5976856
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.