Tres anjos na mata.
( o palavreado é mais ou menos o palavreado popular do pessoal do Nordeste, Lembre-se que muitas palavras não estão erradas, mas são sinonimos)

(coisas que ví e vivi)
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Eu vou contar uma historia,
Que muita gente até duvida
E, não me sai da memoria
Ao contar, fico comovida.
Eu e minha amiga Mazé,
Aquela da saga de família,
A gente passou por uma....
Tu só acredita se quiser!

Mas não fique assustado (a),
Que a historia não é grande,
O caso que vou contar,
É tragicômico e, bem marcante,
começa agora, e já termina,
pois parece que é minha sina,
andar com Mazé de lado,
e passar por maus bocados!

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imagem Google
(mas  a casa que Mazé morava, parecia com essa)


Mazé morava numa fazenda,
E gostava muito de criação,
Ela criava pouco gado,
Mas dava pra sustentação,
O leite dava pra família inteira,
E até para as moradeiras,
Ela mandava entregar,
Em todo aquele cantão!
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Criava cabras, cavalos
Tinha até um galinheiro
Quando queria era só pegar
As penosas lá no terreiro
E colocar dentro da panela
Fazia a carne gostosa e pirão
E as vezes galinha á cabidela
Ou ainda com arroz e feijão

Eu fui passar as ferias
Na fazenda de Mazé
De repente, ela chamou
bora lá cumigo mulé
Vou procurar minha porca
Que é de hoje está sumida
Se ela não estiver morta
está na casa de Mané

Era o Mané da Sueca
Sueca era o nome do lugar
Outro sitio no meio do mato
Todo cercado por canaviá
Bem perto da Mata do Rolo
Meu amigo deu um bolo
A historia que estou a contar

Mané da Sueca era negro

(nada de preconceito)

Um metro e oitenta e tanto
Tinha fama de matreiro
Se dava bem com as mulé
Estou contando tudo isso
Mas nunca vi o mardito
Nem gordo ou mais bonito
Nem deitado, nem de pé.

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Eu topei ir com Mazé
Procurar a tal porquinha
Mas antes passamos na casa
Da nossa querida tia Carolina
Era uma casinha pobre
Feita de taipa, coberta de palha
Tia Carolina estava na cadeira
se balançando na calçada

Vem com a gente, tia Carolina
Disse Mazé toda sapeca
Vou procurar minha porquinha
na casa do Mané da Sueca
Tu sabe onde fica a casa de Mané
Perruntou tia Carolina e disse;
---; eu vou nada, num vou sair de
meu sossego pra andar por aí a pé.

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marrã
Sei, onde ele mora ,
é pra lá daquela chã
Fez um gesto com a boca
Tenho certeza que lá
É que está a minha marrã
eu e tia Carolina que
disse que não ia, mas foi
a seguimos sem questionar

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lobo guará
andamos a tarde inteira,
naquela mata ouvindo
os macacos a ginchar
eu morrendo de medo
do tal do lobo guará.
Mas o canto da passarada
Estrondava lá na mata
vinha para nos acalmar
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Passaro Cardeal do Nordeste

Mazé ia na frente
recitando toda animada
Batatinha quando nasce....
e outras poesias da meninada
Passamos na linha do trem
e adentramos á mata
nós estávamos perdidas,
e Mazé só dava risadas

Depois deitou-se no chão
e rolava nas folhas secas
Dava cada gargalhada
Que ecoava no arvoredo
Tia Carolina ralhava e
Pois Já estava aperriada
Querendo bater em Mazé
E eu tremendo de medo
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Cumade 
frozinha - caipora


Vamos dar uma pisa nela
dizia tia Carolina indignada
A gente corta um cipó
ou uma vara de marmelo
ou até mesmo o meu chinelo
e dá nessa descarada
e Mazé tornava a dizer;
A cumade frozinha é culpada

depois Mazé se levantou
e continuou a caminhada
o mato era fechado e os
espinhos me aranhavam
Tia Carolina, coitada
Ainda Estava de saia,
se benzia e rezava
e todo santo conhecido
a pobre da veia chamava.


Rezava pro padinho Ciço
Rezava pra santa Quiteria
Rezava o padre nosso de cor
Salve rainha e os mistérios
De repente a veia gritou
Valha me minha santa Rita
Que esse galho agora arrancou
Até a............................

(Pense! foi isso mesmo que vc pensou”kkkk

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Aí eu tive que dar risada
Eram três tontas naquele mato
Mas meu coração apertado
Pensava; e se aparecer
Uma jiboia ou  onça pintada
Ou outro bicho qualquer
Vai acabar com nós três
Não sobra uma sequer

Chegamos á beira de um riacho
Mazé foi logo atravessando
A gente ouvia um barulho
De um machado cortando
Fiquei toda animada
Daí eu resolvi perruntar
Mesmo sem ver quem era
Que estava a lenha a rachar

Ó de dentro da mata
Eu gritava apavorada
E o eco respondia
Mata, mata, mata, rs
Daí o lenhador parava
Eu dizia a resposta já vem
Mas o machado cantava
Pem, pem, pem, pem

Daí resolvemos voltar
Já era de tardezinha
Minhas pernas latanhadas
Pelos espinhos, só ardia
Mas aonde está a trilha
E Mazé outra vez dizia
Quem perdeu a gente
Foi a cumade frozinha

De repente, não sei de onde,
Apareceram tres homens
Cada qual enxada as costas
Andando em nossa direção
Nós três ficamos com medo
O que era de se esperar
Mas mesmo assim resolvi
Que iria perruntar

Botei o medo de banda
E balbuciei __valha-me Deus
Mas quando eles nos viram
Tiraram logo os chapéus
nos ensinaram, o caminho
e passaram, foram além
e quando olhamos pra tras
nós não vimos mais ninguém

nós ficamos arrepiadas
e andamos sem demora
fomos direto pra casa
até esquecemos da porca
Depois eu fiquei pensando
Eles surgiram do nada
Aqueles homens só podiam ser
Os nossos anjos da guarda


?id=1228652&maxw=120&maxh=120

aperriada = aperreada = agoniada
Bora lá = vamos ali, ou lá
Chã = morro, lugar alto
Galinha á cabidela = galinha ao molho pardo
latanhadas = arranhadas
Mulé = mulher
marrã - “Porca nova
Que é de hoje = faz tempo
perruntar = perguntar
“pisa” = surra

?id=1228654&maxw=120&maxh=120
Google pesquisa
cumade frozinha, ou cumade Fulozinha  tanto faz é assim que a caipora ou caapora é chamada no Nordeste brasileiro.
copiado dos arquivos
Segundo a lenda, Comadre Fulozinha é o espírito de uma cabocla de longos cabelos, ágil, que vive na mata defendendo animais e plantas contra as investidas dos predadores da natureza. Gosta de ser agradada com presentes, principalmente mingau, confeitos, fumo e mel. vive na floresta, sempre pronta a É uma caboclinha que tem longos cabelos negros, que lhe cobrem o corpo......

não que eu não soubesse a respeito da Cumade Frozinha, mas pesquisei para oferecer o melhor para vocês.