TACHO E QUENGO RASPADOS

Miguezim de Princesa

I

Enricar do dia pra noite,

Que coisa sensacional!

Quando Eike apareceu

Foi o maior carnaval:

Mas que homem inteligente

Em duplicar capital!

II

Eu ficava matutando:

Tanto tenho trabalhado,

Da roça pras redações,

Na lida de delegado,

Pago minhas contas a pulso

E vivo muito apertado.

III

Como disse em cantoria

O meu amigo Vital:

Comer casca e guardar ovo

É uma coisa natural

Diante da carestia

E ilusão do Pré-Sal.

IV

Eu confesso que já estava

Ficando complexado:

Como é que eu trabalho tanto

E continuo lascado

E o tal do Eike Batista

Vive tão endinheirado?

V

Imaginei ser burrice

Ou mesmo acomodação,

Porque funcionário público

Vive contando tostão,

Porém o Eike se arrisca

Correndo atrás de bilhão!

VI

Que sujeito despachado,

Grande empreendedor!

Viva a classe produtiva,

Que vive a todo vapor,

Juntando dinheiro a rodo

Aqui e no exterior!

VII

Foi quando a máscara caiu:

Essa farra de bilhão,

O exemplo do sucesso,

O milagre da Nação

Era um segredo escondido

Na caverna do ladrão.

VIII

Da esquerda e da direita,

Na farra verde e amarela,

Afanando a Petrobras,

Não restou nem a pinguela,

O povo levando fumo,

Eles comendo em gamela.

IX

Quebraram o Rio de Janeiro,

Não ficou nenhum trocado;

Com um pano na cabeça,

Cabral não se fez rogado,

Hoje almoça em Bangu

E se diz injustiçado.

X

Eike hoje apareceu

Careca, sem a peruca;

Do Brasil raspou o tacho,

Meteu-nos nessa arapuca,

Ladrão de quengo raspado

É bom que esfria a cuca!

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 30/01/2017
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